O programa de carreira dual para jovens atletas já apoia através das Unidades de Apoio ao Alto Rendimento nas Escolas (UAARE) “mais de 700 alunos em Portugal”, revelou hoje o coordenador da iniciativa, Vítor Pardal.
Numa conferência internacional realizada em Cascais, Vítor Pardal destacou que “só há carreira dual se houver oportunidades e programas de qualidade que aliem a carreira desportiva com a educação ou o trabalho” e alertou para a urgência de uma coordenação bem sucedida nesta área face ao elevado número de atletas que acabam por abandonar a prática desportiva.
“Segundo o último estudo, temos cerca de 30% de abandono da carreira desportiva entre os 10 e os 17 anos e isso é porque não têm uma carreira dual bem desenhada”, referiu, sem deixar de sublinhar: “Se trabalharmos bem a carreira dual vamos ter bons alunos e bons atletas. Não é incompatível termos bons alunos e bons atletas, muito pelo contrário”.
Vítor Pardal vincou ainda que a decisão dos jovens que acabam por abdicar do percurso desportivo pode ter, inclusivamente, reflexos na própria vida em sociedade.
“Podem os estados europeus pagar este número de abandonos? Este corte na sua carreira pode implicar o comprometimento de serem cidadãos ativos. Esta reflexão é fundamental”, explicou o responsável do projeto, assinalando que uma correta medição e planificação dos constrangimentos significará “benefícios da carreira dual” e que “são o antídoto para os problemas de conciliação” entre escola e atividade desportiva.
O sucesso escolar foi, aliás, uma das dimensões mais valorizadas por Vítor Pardal nesta iniciativa, que já se estende a 19 escolas e mais de 40 modalidades. De acordo com os indicadores deste ano, a taxa de sucesso escolar no programa situa-se nos 97,15% e a taxa de abandono não vai além dos 0,43%, números que são ainda suportados com 64 títulos europeus ou mundiais conquistados.
O coordenador das UAARE reivindicou ainda a singularidade do programa, considerando que “cada modelo tem de ser desenhado com base nos sistemas educativos dos respetivos países”. “Não vale a pena desenhar com base noutros fatos e que depois não vão servir”, sintetizou.
O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, valorizou também o êxito do projeto, não escondendo o “carinho” pela iniciativa implementada em 2016, já durante o seu mandato.
“Em Portugal há evidencias de um projeto já consolidado e não tem parado de crescer ano após ano. Temos de dar apoio a quem treina e descanso às famílias, mas não vamos ficar por aqui. Para este mandato elegemos como preocupação o pós-carreira e queremos garantir soluções e boas condições para que estes atletas possam ser apoiados no futuro desenvolvimento das suas vidas”, concluiu.
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