O antigo primeiro ministro, Pedro Santana Lopes, tinha sido convidado pela SIC Notícias para comentar o estado do PSD até ao momento em que foi interrompido para um direto que acompanhava a chegada de José Mourinho a Portugal. No reatamento da conversa, Santa Lopes decidiu que não tinha mais condições para continuar e saiu.
A jornalista da SIC Notícias que entrevistou Santana Lopes, Ana Lourenço (agora na RTP), justificou a interrupção da entrevista com critérios editoriais, adiantando que não houve qualquer intenção de desrespeitar o deputado social-democrata.
“Eu vim com sacrifício pessoal e sou interrompido por causa da chegada de um treinador de futebol… Acho que o país está doido. Não vou continuar a entrevista, acho que as pessoas têm de aprender”, disse Santana Lopes.
Ricardo Costa, então director-adjunto de informação da SIC, considerou-a reação de Santana Lopes "inusitada e desproporcionada".
"A SIC Notícias lamenta que a decisão de fazer um directo para a chegada de José Mourinho ao aeroporto tenha provocado uma reacção, que consideramos desproporcionada de Pedro Santana Lopes. A SIC Notícias não falta ao respeito aos seus convidados nem aos telespectadores", refere o director do canal, adiantando que a chegada de José Mourinho "era um acontecimento que também marcava a noite", explicou em comunicado.
Mais tarde, o social-democrata disse à Lusa que aceitou o convite da SIC Notícias para uma entrevista sobre as eleições do PSD com sacrifício pessoal. "Estava cansado mas fui, apesar de me fazer transtorno", frisou.
"A mim não me interrompem com a chegada de um treinador de futebol. Acho que há regras. A SIC tem regras diferentes das minhas. Tenho que ser respeitado", disse Santana Lopes à Lusa.
"Não saí intempestivamente da entrevista", frisou, esclarecendo que só saiu dos estúdios depois de a jornalista que conduzia a entrevista ter dito que a conversa não poderia prosseguir.
O ex-primeiro ministro assegurou ter recebido várias chamadas telefónicas de solidariedade, nomeadamente de políticos e empresários.
"Ainda se fosse um acontecimento importante do país, do mundo, que justificasse... o Presidente da República, o primeiro-ministro, agora um treinador de futebol... e eu gosto do José Mourinho...", concluiu.
Tudo ocorreu em setembro de 2007, altura em que José Mourinho tinha deixado o Chelsea após uma série de maus resultados no arranque de época. A tensão entre o treinador português e Roman Abramovich, milionário proprietário do Chelsea, ganhou novos contornos após o empate (1-1), em Londres, frente ao Rosenborg, na estreia na Liga dos Campeões 2007/08, competição que o russo ansiava vencer e que Mourinho não conseguiu oferecer.
A (possível ) justificação da interrupção
Mourinho chegou ao Chelsea após ter levado o FC Porto à conquista da Liga dos Campeões e nas duas primeiras épocas o clube conquistou o título inglês (2005 e 2006), o que já não acontecia há 50 anos. Na última temporada venceu ainda a Taça da Liga e a Taça de Inglaterra numa final emocionante com o Manchester United.
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