Este trabalho, distinguido na categoria História de Sociologia do Desporto, da autoria de Hugo Sarmento, Teresa Anguera, António Pereira e Duarte Araújo, e que em breve assumirá a forma de livro, procurou analisar o que esteve na origem do sucesso daquela geração e destaca dois vetores essenciais: o talento dos jogadores e o trabalho inovador e revolucionário de Carlos Queiroz, que levou essa geração a conquistar por duas vezes o título mundial de sub-20, na Arábia Saudita, em 1989, e em Lisboa, em 1991.

“Entrevistámos quase todos os jogadores dessa geração, o professor Carlos Queiroz e o Nelo Vingada, os treinadores, e percebemos que o sucesso desta geração se deveu ao talento dos jogadores, mas sobretudo a um trabalho muito profundo do Carlos Queiroz e do professor Mirandela da Costa, na altura diretor geral da Direção Geral dos Desportos, que criaram um conjunto de sinergias que permitiu àquela geração ter as condições ideais para se desenvolver”, revela Hugo Sarmento, um dos autores do estudo.

Em concreto sobre o trabalho do treinador que hoje orienta a Colômbia, o professor da Faculdade de Desporto da Universidade de Coimbra sublinha que ainda hoje Portugal colhe frutos do trabalho feito por Carlos Queiroz naqueles tempos.

“O trabalho do Carlos Queiroz perdura no tempo, o que ele fez na Federação Portuguesa de Futebol e o que construiu ao nível do próprio processo de treino permitiu o sucesso que conhecemos ainda hoje. Foi ele que revolucionou o processo de treino em Portugal”, garante.

Na categoria Economia, Direito e Gestão do Desporto, o trabalho vencedor foi dedicado ao tema “Adesão à prática e retenção de clientes em ginásios: fatores preditivos da manutenção do comportamento ao longo do tempo”, ao passo que na categoria Fisiologia e Biomecânica do Desporto o prémio consagrou um trabalho de investigação sobre “Padrões de sono e atividade autonómica cardíaca noturna após treinos e jogos realizados a diferentes horas do dia em futebolistas femininas”.

José Manuel Constantino, presidente do COP, deu os parabéns a todos os investigadores que participaram na edição deste ano dos prémios, reconheceu que há ainda caminho para percorrer, mas realçou a importância do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos.

“Iniciámos esta caminhada procurando valorizar uma área de investigação que tem enormes défices de reconhecimento social. Além disso, procuramos ser um estímulo e motivação acrescida para todos os investigadores que têm por base do seu trabalho o Desporto. Por isso, estamos muito satisfeitos pelos resultados alcançados”, disse o presidente do COP.

A cerimónia, que teve lugar no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, contou ainda com a presença de Rui Costa, investigador principal da Fundação Champalimaud, que fez uma intervenção subordinada ao tema “Aprender e Agir”, onde explorou o trabalho que tem desenvolvido no âmbito do estudo do movimento e da aprendizagem de ações novas e complexas.

Para a edição deste ano dos prémios Ciências do Desporto foram recebidas 32 candidaturas e, além dos trabalhos vencedores, foram atribuídas seis menções honrosas, duas em cada uma das categorias a concurso.

Os prémios Ciências do Desporto visam contribuir para o desenvolvimento da investigação na área de Ciência do Desporto e procuram que os autores portugueses apresentem trabalhos que explorem as problemáticas do desporto, bem como a recolha e análise de dados atuais considerados essenciais para as decisões dos mais diversos agentes do sistema desportivo nacional.