O adiamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Tóquio2020 devido à pandemia da covid-19 está a ser saudado por atletas, comités e federações, mas trará desafios inéditos ao comité organizador, que há anos prepara os eventos.

“Adiar os Jogos Olímpicos não é como adiar uma partida de futebol para o próximo sábado”, afirmou recentemente Thomas Bach, o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), que hoje anunciou o adiamento da competição “para uma dará posterior a 2020 e nunca depois do verão de 2021”.

A maior competição desportiva do mundo é um verdadeiro puzzle para os organizadores, que agora terão como primeiro e grande desafio encontrar uma data “nunca depois do verão de 2021”, que “agrade” a atletas, federações e patrocinadores, entre outros.

Algumas federações, como a World Athletics e a Federação Internacional de Natação (FINA) já se mostraram disponíveis para adiar os respetivos campeonatos mundiais previstos para 2021, mas o problema estende-se a vários desportos, nomeadamente ao futebol, uma vez que a UEFA também já adiou para o próximo ano o campeonato europeu, tal como a CONMEBOL a Copa América, também devido à pandemia da covid-19.

Os problemas colocam-se também ao nível dos 43 locais de competição previstos para os Jogos que deveriam realizar-se entre 24 de julho e 09 de agosto, uns construídos de raiz, outros remodelados, mas todos preparados para serem inaugurados.

Ainda antes da decisão, o COI fez saber que “vários locais essenciais para os Jogos podem não estar disponíveis, nas mesmas condições, depois das datas previstas”.

O novo Estádio Olímpico de Tóquio, com capacidade para 68.000 espetadores, tinha já vários eventos, como concertos e outras competições desportivas, agendados para depois dos Jogos. Todos terão agora de ser reagendados, ou até cancelados.

Fora dos locais de competição, inserem-se espaços como o enorme centro de congressos e exposições Tokyo Big Sight, escolhido para albergar a principal sala de imprensa dos Jogos.

O espaço, que alberga muitas das principais feiras comerciais da Ásia, tem, naturalmente de ser reservado com muitos meses de antecedência.

A aldeia olímpica, que deveria acolher este ano os atletas olímpicos e depois os paralímpicos, é outro dos desafios, uma vez que vários apartamentos das 21 torres, de 14 e 18 andares, com vista para a Baía de Tóquio, estão já vendidos e deveriam ser disponibilizados aos proprietários depois dos Jogos.

O COI também já admitiu que outro dos grandes desafios será a questão da indústria hoteleira, que até aqui, quase não tinha capacidade para responder à procura, e a partir de hoje poderá vir a ter o problema inverso.

“A questão dos milhões de noites já reservadas em hotéis é muito difícil de administrar”, reconheceu recentemente o COI.

A grande maioria dos alojamentos em Tóquio estão reservados há meses, tendo os visitantes sido obrigados a pagar previamente as reservas, ficando agora por saber o que acontecerá a essas verbas.

Os primeiros Jogos da era moderna a serem adiados em tempo de paz, prometem ser um enorme desafio para todos os seus intervenientes, mas sobretudo para os japonseses, que em 1940 “perderam” os Jogos Olímpicos, cancelados devido à II Guerra Mundial.

O adiamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos foi anunciado hoje, depois de vários dias de incerteza e de pedidos de vários comités olímpicos internacionais, devido à pandemia da covid-19, que já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.

Esta decisão foi, de acordo com COI e com o governo nipónico, tomada “para salvaguardar a saúde dos atletas, de toda a gente envolvida nos Jogos Olímpicos e de comunidade internacional”.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 6.077 mortos em 63.927 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.

Em Portugal, há 30 mortos e 2.362 infetados confirmados. Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.