De comités nacionais a federações de modalidades específicas até atletas e outras figuras do desporto, a pressão tem aumentado junto do Comité Olímpico Internacional (COI) para adiar os Jogos Olímpicos Tóquio2020, devido à pandemia de covid-19.

Depois de ter reconhecido, no domingo, que está a estudar “cenários” possíveis face aos problemas que a pandemia tem colocado, garantindo uma resposta nas próximas quatro semanas, o COI tem visto vários comités e federações internacionais pronunciarem-se sobre o evento, agendado entre 24 de julho a 09 de agosto.

O Comité Olímpico de Portugal (COP) pediu hoje rapidez e uma decisão “firme” para o adiamento, face aos constrangimentos de treino que atletas em muitos países têm sofrido e à suspensão das competições na generalidade dos desportos e regiões do globo, uma opinião partilhada pelo Comité Paralímpico de Portugal e por várias federações desportivas nacionais.

Entre elas estão os organismos federativos do ténis de mesa, judo, canoagem e atletismo e natação, que se juntaram a outras vozes que pedem um ajuste de datas, algo que, admitiu hoje o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pode ser “inevitável”.

Em sentido inverso, o Comité Olímpico Russo apoiou a decisão de se esperar mais umas semanas para uma tomada de posição final, ainda que esta seja uma voz ‘dissonante’ no meio de um coro que inclui também a ameaça de boicote.

É o caso de Canadá e Austrália, que já anunciaram que não enviar qualquer atleta aos Jogos se as datas previstas se mantiverem, enquanto o presidente da World Athletics, que rege o atletismo mundial, Sebastian Coe, disse hoje que chegou o momento de se encontrar uma nova data.

Ao longo dos últimos dias, muitos foram os organismos e personalidades a posicionarem-se favoravelmente a um adiamento: os comités olímpicos de Noruega, Brasil, Espanha, Estados Unidos e Polónia já o pediram, e também os atletas se têm juntado.

Em Portugal, Telma Monteiro já advogou por essa opção, enquanto, a nível internacional, os pedidos de que decorra em 2021 passam por várias figuras: do triatleta espanhol Fernando Alarza à bicampeã olímpica de badminton, Carolina Marín, também de Espanha, passando por vários atletas dos Estados Unidos, que se juntaram numa petição liderada pelas federações de atletismo e natação daquele país.

A campeã olímpica de salto com vara, a grega Katerina Stefanidi, acusou o COI de “colocar os atletas em perigo” ao obrigá-los a treinar, ou tentar treinar, todos os dias face à pandemia.

Já o campeão do mundo de esgrima, o britânico Race Imboden, mostrou estar “preocupado” com a ideia de que os Jogos possam decorrer na mesma altura. “Parece que é mais importante que Tóquio2020 decorra do que os atletas estarem física e mentalmente sãos”, atirou.

Outra face do desporto que tem pedido um adiamento em nome da transparência e justiça desportiva é a antidopagem, com várias instituições, entre elas a Agência Norte-Americana de Antidopagem (USADA), a pedirem o adiamento, e a Agência Mundial Antidopagem (AMA) a admitir que teve de mudar procedimentos, uma vez que os atletas estão impedidos de treinar ou a fazê-lo em casa, sem competições ou locais onde sejam testados.

Em França, os nadadores já protestaram, tal como Nic Coward, dirigente máximo do atletismo no Reino Unido, que também apoia o adiamento, ou o sul-africano Cameron van der Burgh, campeão olímpico dos 100 metros bruços em Londres2012 e vice-campeão no Rio2016, infetado com a covid-19, que descreveu como “a pior doença” que enfrentou.

O antigo nadador destacou a “perda de condição física brutal” e revelou-se preocupado com os atletas, que poderiam contrair a covid-19 perto das datas previstas, por ainda estarem a treinar “e a expor-se a riscos desnecessários”.

“A saúde é o mais importante e a covid-19 não é brincadeira”, rematou.

Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 estão previstos para começar em 24 de julho, reunindo mais de 11.000 atletas, apenas 57% dos quais já apurados, e comitivas e jornalistas de 206 países, prevendo-se a afluência de dezenas de milhares de espetadores de vários pontos do mundo, antes de arrancarem os Paralímpicos, em 25 de agosto, com cerca de 4.400 desportistas.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas. O país está em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.

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