O presidente da câmara municipal do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, disse hoje, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, que os Jogos Olímpicos 2016 são uma "oportunidade perdida".

"Não estamos a apresentar-nos bem. Com todas estas crises políticas e económicas, com todos estes escândalos, este não é o melhor momento para estar nos olhos do mundo. Isto é mau", reconheceu o autarca, a 25 dias da sua cidade receber o maior evento desportivo do mundo.

O Brasil enfrenta uma longa recessão e, simultaneamente, assiste ao processo de destituição da presidente com mandato suspenso, Dilma Rousseff.

O jornal fala ainda da epidemia do vírus Zika, problemas com a segurança, cortes em orçamentos, atrasos em infraestruturas, sustos ambientais e queixas a respeito de desocupações.

Contudo, para Eduardo Paes, há um exagero nos meios de comunicação internacionais: "Se olhar para a 'media' internacional, parece que aqui só há Zika e pessoas a atirarem umas nas outras."

Na entrevista, o autarca do Rio de Janeiro negou que o investimento feito para os Jogos Olímpicos tenha ignorado as áreas mais pobres da cidade, privilegiando as zonas mais ricas.

Segundo o responsável, 75% dos investimentos da administração municipal têm sido feitos nas áreas mais pobres da cidade, especialmente as zonas norte e oeste, onde ele conseguiu votos.

O autarca falou na construção de 331 escolas e 90 clínicas de saúde naquelas áreas, e deu ainda conta de novas vias de acesso para as pessoas que vivem em favelas chegarem mais facilmente às zonas mais ricas, onde trabalham.

Respondendo a alguns críticos que dizem que as deslocalizações atingiram mais 50.000 pessoas, Eduardo Paes disse que os números são exagerados pelos seus rivais políticos.

"Ninguém gosta de desapropriar pessoas. É caro e confuso. Mas, às vezes, é preciso fazê-lo", disse, falando em centenas de deslocalizações relacionadas com os Jogos.

Durante os Jogos Olímpicos, que decorrem de 05 a 21 de agosto, o Rio de Janeiro vai receber 10.500 atletas de 206 países.