José Manuel Constantino elogiou na quarta-feira a direção da Autoridade Antidopagem de Portugal por ter devolvido o prestígio a Portugal nas instâncias internacionais, definindo como “muito importante” a recuperação das credenciais do Laboratório de Análises de Dopagem (LAD) de Lisboa.
“[É] muito importante. Pode ser que um dia se faça a história do que foi a odisseia do laboratório [LAD] e da Autoridade Antidopagem de Portugal até o momento em que a atual direção tomou a responsabilidade do laboratório. Eu próprio e alguns dos que aqui me acompanham, em reuniões internacionais, éramos procurados pela Agência Mundial Antidopagem, manifestando as preocupações que tinha relativamente ao que estava a passar em Portugal, e ao risco de Portugal não poder sequer organizar competições internacionais”, recordou, em entrevista à agência Lusa.
O comité executivo da Agência Mundial Antidopagem (AMA) aprovou, em 23 de setembro de 2022, a recomendação do seu grupo consultivo de especialistas em laboratórios para reacreditar o LAD.
O LAD ficou sem credenciais em 25 de outubro de 2018, pouco mais de dois anos depois da suspensão, em 15 de abril de 2016, inicialmente por um período de seis meses, face à não conformidade com as normas internacionais, como a falta de independência do laboratório, os atrasos dos resultados dos relatórios e falhas na aplicação de métodos obrigatórios para deteção de substâncias.
“Esse problema foi superado. O laboratório foi ‘reacreditado’, mérito para o Governo e, particularmente, mérito para o Dr. Manuel Brito e a sua equipa. O país deve-lhes esse reconhecimento. Pelo mérito da condução deste processo, muito difícil, muito complexo, porque quando se perde a confiança de uma organização internacional, e quando durante alguns anos tudo aquilo que se faz não é para reabilitar essa confiança, mas é para acentuar ainda mais a desconfiança”, notou o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP).
Manuel Brito, antigo presidente do Conselho de Ética do COP, substituiu Rogério Joia à frente da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) em junho de 2019 e liderou o processo de recuperação das credenciais do LAD, um trabalho que, segundo Constantino, “é merecedor do mais rasgado elogio”.
“Não apenas corrigiram os erros das restantes pessoas, como prestigiaram Portugal nas instâncias internacionais. Restituíram-lhe a credibilidade que tinha sido perdida. E isso tem um valor extraordinário. Independentemente das questões financeiras - quanto é que custa ir fazer análises ao estrangeiro, quanto é custa fazer em Portugal -, há aqui uma questão política, simbólica até, se quiser, que é reconquistar a credibilidade e o reconhecimento. E isso é muito importante”, reforçou.
Para o presidente do COP, a reabilitação do LAD é “seguramente” um passo na credibilização do desporto nacional.
“Espero que esta situação estabilize e que as políticas de combate à dopagem se situem naquilo que são os critérios internacionais mais avançados, que é detetar onde se instalam os maiores fatores de risco à integridade das competições desportivas e à utilização dos métodos mais avançados que estão disponíveis para poder acompanhar a vida desportiva dos atletas, e verificar se sim ou não recorrem a procedimentos ou substâncias que estão proibidas para melhorar o seu rendimento desportivo”, concluiu.
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