Fernando Gomes acredita que pode atrair mais parceiros e investimento privado para o Comité Olímpico de Portugal (COP), defendendo também a criação de “um mecanismo de compensação” na distribuição das verbas das apostas desportivas.

Para executar as medidas do seu programa, o líder da lista B defende que “há duas ordens de atuação perfeitamente concomitantes”, a primeira das quais “um trabalho intenso de negociação com as entidades governativas, no sentido de chamar a atenção e de negociar, formas adicionais, acrescidas, de compensação relativamente aos fundos que estão disponíveis para o desporto e de apoio aos atletas”.

Nesse sentido, considera positivo o “reforço que foi anunciado” pelo Governo, que apresentou um Contrato-Programa para o Desporto, em que 49,6 milhões de euros (ME) serão entregues ao COP para o período entre 2024 e 2028

“Ainda não sabemos exatamente em que medida e como é que vai ser repartido, [mas] pode ser claramente um bom indicador. Cerca de 50 milhões dá 12 milhões e meio de euros por ano. São cerca de mais de 10% daquilo que é na sua totalidade o orçamento do desporto e cremos que objetivamente pode ser um bom meio para podermos atingir os objetivos que nos propomos relativamente ao nosso programa”, concedeu.

Contudo, o antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) estima que “também há espaço para que esse financiamento público possa ser acrescido com financiamento privado”.

“A nossa experiência diz-nos que existe uma capacidade, saibamos nós ‘vender’ o produto que é o produto de Portugal, o produto do COP, porque, eventualmente, teremos sponsors, parceiros que estão disponíveis desde que sintam que, efetivamente, há uma relação unívoca entre aquilo que são, o investimento que fazem na promoção do desporto olímpico em Portugal, e também daquilo que é o seu retorno relativamente ao investimento que é feito”, evidenciou.

Assim, Gomes acredita ter, caso seja eleito em 19 de março e juntamente com a sua equipa, “capacidade e competências” para trazer para o seio do organismo “novos parceiros e mais investimento”.

“Por esse reforço do investimento privado, estamos convencidos que teremos boas condições para cumprir aquilo a que nos propomos no nosso programa”, manifestou, em entrevista à agência Lusa.

Num espetro mais alargado, o dirigente portuense considera que o modelo de distribuição das verbas das apostas desportivas, atualmente concentrado nas escassas modalidades que permitem apostas, é “um tema que merece ser discutido”.

“Faz todo o sentido que as modalidades desportivas que não são objeto de aposta desportiva e que por essa via não têm qualquer tipo de retorno mereçam da parte das entidades governativas uma análise aprofundada para criar um mecanismo de compensação […] que as ajude a ser financeiramente mais sustentáveis”, defendeu.

O candidato recorda ter transmitido essa ideia ao anterior secretário de Estado do Desporto João Paulo Correia, em maio de 2022, identificando, inclusive, “as áreas em que essa legislação pudesse ser modificada”.

“Sendo presidente do COP, não deixarei de defender, de me bater para que efetivamente haja uma mais justa e correta repartição das verbas das apostas desportivas, contemplando, nomeadamente, as modalidades que não são objeto de aposta desportiva e que não podem aceder, por essa via, a esse retorno, a esse rendimento”, prometeu.

O candidato à sucessão de Artur Lopes nas eleições de 19 de março nota mesmo que pretende “discutir isso com o Governo e também com os grupos parlamentares, porque esta decisão passa necessariamente pela alteração a nível da Assembleia da República”, responsável pela vigente legislação.