Filipe Lima nasceu em França, mas o sangue que lhes corre nas veias é português e é com orgulho redobrado que representa as cores lusas na estreia do golfe nos Jogos Olímpicos Rio2016.
“Nem imagina [o orgulho que tenho]. Quando disseram que o golfe ia voltar, a minha meta era ser olímpico, depois tive as lesões [operação às costas], o meu jogo começou a ser mais fraco. Os jovens como o Ricardo Gouveia começaram a subir e eu achei que ia ser difícil, mas a verdade é que ganhei um torneio este ano e consegui”, disse.
Na zona mista, após terminar a primeira volta no torneio olímpico de golfe, que regressou ao programa dos Jogos 112 anos depois, Filipe Lima recordou um pouco da história de como chegou ao golfe. “O meu pai chegou a França vai fazer agora 60 anos e foi trabalhar num campo de golfe, a apanhar as bolas. Nasci a 50 metros do campo. Eu desde os três anos que ajudei o meu pai a apanhar as bolas, com um taco a bater e aí nunca mais deixei. Também joguei futebol, mas quando tinha 12 anos tive a sorte de entrar na equipa nacional [francesa] e o meu pai disse que tinha de escolher: futebol ou golfe? E fui para o golfe”, referiu.
O golfista luso disse que não se arrependeu de deixar o futebol, referindo, em tom de brincadeira, que agora “já estava muito velho e já tinha de abandonar”. “Agora com 34 anos estou mesmo num bom momento da minha vida. Ainda tenho 20 anos na minha frente”, afirmou.
A decisão de representar Portugal, depois de nove anos a vestir as cores francesas, surgiu depois de o pai ter regressado a Portugal, à freguesia Grimancelos, em Barcelos. “Eu fiquei lá sozinho e o meu sangue disse-me: ‘tens de ir lá pelo menos representar [Portugal], se não vais para lá morar, representa o teu país’. Falei com a Federação Portuguesa, falei com o [presidente] Manuel Agrellos e fui”, recordou.
Este ano, no Euro2016 de futebol, o seu coração podia estar dividido na final, com Portugal frente a frente com a França, mas foi fácil escolher um lado. “Este ano no Euro, perguntavam-me pela França ou por Portugal e o sangue pesou. Era mesmo Portugal que tinha de ganhar, não podia ser a França. No início estava um pouco dividido, estava contente por estarem os dois, mas no final era mesmo a torcer. A minha mulher, que também nasceu lá e é portuguesa, estava no chão de joelhos e ela nunca vê futebol, nunca a vi assim”, lembrou.
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