Jordin Andrade poderia representar os Estados Unidos, mas seguiu a tradição da família e vai vestir as cores de Cabo Verde nos Jogos Olímpicos Rio2016 e tem o sonho de conquistar uma medalha no atletismo.
Jordin Andrade nasceu na cidade de Seattle, no estado norte-americano de Washington, há 24 anos. A mãe é da Califórnia e o pai, Joseph Andrade, é um cabo-verdiano que saiu da ilha da Brava há muitos anos rumo aos Estados Unidos e foi bicampeão da modalidade de atletismo na Califórnia.
Jordin Andrade é também sobrinho de Henry Andrade, o primeiro cabo-verdiano a participar nos Jogos Olímpicos na modalidade de atletismo, em 1996, em Atlanta, três anos após Cabo Verde ter sido reconhecido pelo Comité Olímpico Internacional (COI).
Recordando que cresceu a jogar futebol e basebol, desporto mais popular e mais praticado nos Estados Unidos, Jordin Andrade disse à agência Lusa que sempre viu o pai e o tio a praticar atletismo, mas nunca o pressionaram a fazer o mesmo.
Mas decidiu fazer-lhes uma surpresa, tendo começado a correr "às escondidas" na escola.
"Só depois de uns tempos é que lhes disse que estava a praticar o atletismo, por volta dos 16 anos", recordou, dizendo que o tio Henry começou logo a lhe treinar até iniciar a universidade.
E foi na Boise State University, onde tirou o curso de Ciências Ambientais, que Jordin especializou-se nos 400 metros barreiras, modalidade do atletismo que vai representar Cabo Verde nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
"Sempre queria representar Cabo Verde, sobretudo nos últimos dois ou três anos em que vi o meu potencial como atleta internacional, tendo-se tornado um dos melhores do mundo. Tive a chance de representar os Estados Unidos, mas senti que poderia fazer mais por Cabo Verde porque os EUA têm muitos atletas", disse Andrade.
Quando começou a universidade, o atleta era 260.º a nível mundial e garante que deu-se como satisfeito porque já tinha conseguido um dos objectivos que era entrar na tabela.
"Mas pensava que poderia melhorar ainda mais e depois de muito treino, dedicação, cheguei à posição 31.ª e depois também à 15.ª posição", recordou o atleta, que neste momento está no 51º a nível mundial da sua categoria.
E é essa posição que faz Jordin sonhar em conquistar medalhas nos Jogos Olímpicos, logo na sua primeira participação, embora tenha os pés bem assentes na terra.
"Eu sempre disse que traçar objectivos para os Jogos Olímpicos é algo diferente porque quero dar um passo de cada vez. O meu primeiro objectivo era estar nos Jogos Olímpicos, agora é chegar, pelo menos, às meias-finais e depois ser um dos finalistas. Mas o meu maior objectivo é conquistar uma medalha por Cabo Verde", traçou o jovem atleta.
Agora que decidiu representar Cabo Verde, Jordin não quer parar por aqui e já pensa na contribuição que pode dar para melhorar o desporto, em geral, e o atletismo, em particular, no arquipélago africano.
"O meu objectivo é orgulhar as pessoas, inspirar os jovens para serem atletas, inspirar as pessoas em todas as ilhas que podem ser algo na vida e fazer ainda melhor do que eu", sustentou.
Jordin disse à Lusa que está "entusiasmado" por fazer parte da equipa de Cabo Verde e o grande objectivo é orgulhar o país, a família e continuar a tradição dos Andrade nos Jogos Olímpicos.
Quanto ao desportivo cabo-verdiano, disse que a selecção de futebol é "uma das melhores em África", que o Ruben Sança, atleta cabo-verdiano radicado nos Estados Unidos, esteve nos últimos Jogos Olímpicos em Londres, em 2012, e que o país tem muitos bons atletas que precisam de mais apoios e oportunidades para serem ainda melhores.
Questionado se não terá nenhum problema pelo facto de ter escolhido representar Cabo Verde em vez dos Estados Unidos, Jordin Andrade soltou um sorriso e garantiu que não há problema em relação a isso.
"A minha família e os meus amigos sempre me apoiaram e me incentivaram a representar Cabo Verde porque todos sabem que eu tinha esse desejo desde criança", referiu.
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