Nikola Goncin simboliza a significância quase exata da resiliência e da empatia. O jogador canadiano de basquetebol em cadeira de rodas, atualmente a disputar os Jogos Paralímpicos, jogou até aos 15 anos sem qualquer limitação, até descobrir um cancro na perna.
Num desses jogos, uma fratura na perna sem causa aparente chamou a atenção dos médicos, que em pouco tempo traçaram o pior cenário: um tumor que obrigaria a amputação daquele membro.
Goncin, que nasceu na Bósnia, mas acabou por fugir do país com os seus pais para escapar à guerra dos Balcãs em 1994, cedo percebeu que a paixão do ténis não podia acabar daquela forma. Em pouco tempo estava a jogar basquetebol em cadeira de rodas, decisão que mudaria para sempre a sua vida. Mas não é só por isso que a história de Nikola Goncin é especial.
Depois de completar a sua licenciatura em biomecânica e, mais tarde, um mestrado em fisiologia do exercício, o atleta canadiano passou por aquilo que passam tantos jovens após a faculdade: a dúvida sobre que área seguir. Até que o dever de agradecimento para com o criador da sua prótese o fez descobrir a urgência de também ele ajudar pessoas numa situação similar à sua. Mas com uma nuance: gostava de apoiar crianças vítimas de amputações dos membros inferiores.
“Pensei, vamos a isso!" Então fui para a escola e acabei por conseguir um emprego no Hospital Infantil em Calgary”. Goncin começou como técnico ortopédico no hospital, em 2021, e apesar das adversidades não podia estar mais feliz. A estrela da comitiva canadiana em Paris é responsável por desenvolver dispositivos ortopédicos para crianças com deficiência ou feridas.
O trabalho atual permite-lhe fazer o que mais gosta, enquanto assegura o tempo necessário para treinar.
“Ainda posso ir aos treinos, fazer os meus exercícios, fazer todas as coisas que preciso para esta parte da minha vida. É como um sonho realizado.”
O Canadá, oitavo classificado nos Jogos de Tóquio, surpreendeu os Países Baixos com uma vitória por 79-67 nos quartos-de-final, na Bercy Arena, garantindo um lugar nas meias-finais. Os EUA, atuais campeões paralímpicos, são o próximo adversário.
Independentemente disso, Goncin assume que já fica satisfeito com a certeza de que voltará a jogar duas vezes (ou final ou jogo entre o 3.º e 4.º), sobretudo pelas multidões que têm enchido os estádios em Paris. “Os fãs franceses são insanos,” disse o jogador de 32 anos. "Não conseguimos ouvir nada, nem os colegas de equipa. Essa energia dá-nos uma força extra. Adoraria jogar diante 10 mil pessoas todos os dias", confessou o atleta.
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