A presença da atleta de Macau, Chio Hao Lei, nos Jogos Paralímpicos Paris2024 pode encorajar mais mulheres com deficiência a praticar desporto no território, disse hoje à Lusa o diretor da organização Macau Special Olympics.
Chio, de 17 anos, viaja na sexta-feira para Paris, onde será a única atleta da região semiautónoma chinesa nos Paralímpicos, competindo na prova de salto em comprimento para atletas com deficiência intelectual.
Esta é a quarta vez que um atleta de Macau recebe um convite especial da organização para os Paralímpicos, mas Chio foi a primeira mulher escolhida, sublinhou o diretor da Macau Special Olympics.
Hetzer Siu Yu Hong disse acreditar que a escolha se deveu à política de paridade de género e recordou que os Jogos Olímpicos Paris2024 foram os primeiros a tentar ter um igual número de atletas femininos e masculinos.
Graças à participação de Chio Hao Lei, “nestes Paralímpicos, as mulheres com deficiência podem ver que, se praticarem desporto, têm a oportunidade de chegar ao mais alto nível mundial”, defendeu o dirigente.
Hetzer Siu admitiu que “a maioria dos atletas com deficiência são homens” e que é preciso “fazer mais esforços para encorajar as mulheres com deficiência a praticar desporto” no território.
Apesar de sublinhar que este “é um desafio em toda a Ásia”, o diretor da Macau Special Olympics disse que a cultura chinesa tem fatores culturais que ainda são obstáculos, incluindo a visão de “só é bonita a mulher que tem a pele branca, sem músculos”.
A organização, com 37 anos de história, começou por promover o acesso de pessoas com deficiência intelectual à prática desportiva e atualmente aposta na educação e na formação de deficientes para acesso ao mercado de trabalho.
Para as pessoas com deficiência, “a primeira preocupação é como viver na nossa sociedade e uma segunda prioridade são os estudos, algo que é muito importante na cultura chinesa”, disse Siu.
Apesar de lamentar ser difícil atrair pessoas com deficiência para o desporto, o dirigente disse esperar que, depois dos Paralímpicos, também os Jogos Olímpicos Especiais da China possam ser “uma oportunidade para encorajar os cidadãos a praticar desporto”.
Macau vai acolher duas provas de badminton, para pessoas com deficiência física ou auditiva e para pessoas com deficiência intelectual, no âmbito dos Jogos Olímpicos Especiais da China, que decorrem entre 08 e 15 de dezembro de 2025.
Siu disse que a Special Olympics tem todas as semanas treinos de 22 desportos, nos quais participam regularmente entre 100 e 120 utilizadores. Foi nestes treinos que o talento de Chio Hao Lei começou a despontar.
Depois de conseguir o sexto lugar nos Jogos Asiáticos, realizados na cidade chinesa de Hangzhou, em outubro passado, Chio assumiu à Lusa que não vai a Paris só para marcar presença.
A jovem vai entrar em ação nos Paralímpicos a 06 de setembro e tem três saltos para conseguir uma marca que lhe permita qualificar-se para os saltos finais.
“O meu recorde pessoal é 4,25 metros, mas quero chegar aos 4,5 metros. Já o consegui nos treinos, mas nunca em competição”, referiu Chio.
Como acontece desde os Jogos Seul1988, a competição paralímpica partilha as instalações com a olímpica e deverá juntar cerca de 4.400 atletas de 160 regiões e países, em 559 eventos, de 22 modalidades.
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