Fim do ano, hora do balanço. O andebol angolano perdeu a oportunidade de fechar em grande plano 2013, ao baixar oito lugares em relação ao Mundial2011, disputado no Brasil.

Entre 6 e 22 deste mês, a seleção angolana sénior feminina foi eliminada nos oitavos-de-final, na Sérvia, e com isso deixou o oitavo posto para se contentar com o 16º, mas ainda assim foi a melhor formação africana, seguida pela Tunísia (17ª).

A fria odisseia sérvia até começou como previsto: duas vitórias. Com limitações físicas, Vivaldo Eduardo, o treinador das campeãs africanas, teve de remendar. Porém, em alta competição a receita é evidente: ou se vai bem e aguenta, ou nada feito.

Inserida na série C, em Zrenjanin, a seleção angolana abriu a participação com um triunfo sobre a Argentina, por 33-23, seguindo-se outro diante do Paraguai (37-12). Depois só foram derrotas, embora até tenha equilibrado no frente a frente com a detentora do título Noruega (21-26).

Os deslizes contra a Polónia (23-32) e Espanha (21-30) custaram ao combinado nacional a quarta posição da primeira fase, última colocação de acesso aos oitavos-de-final do Mundial, ganho pelo Brasil, numa campanha onde o plantel encarou as adversárias sem médico, o que gerou alguma polémica.

Em Novi Sad, Angola foi travada pela Alemanha, mesmo depois do equilíbrio na etapa inicial (10-13). Nos últimos 30 minutos, as germânicas revelaram-se mais capazes e garantiram o apuramento (21-29). Aliada à modesta quarta posição do grupo C, os resultados produzidos apontavam para uma descida na tabela, mas nunca se pensou que fosse tanta.

Para isso contribuiu também, de acordo com os novos moldes da Federação Internacional de Andebol (IHF), os terceiros e segundos classificados serem eliminados nas fases seguintes, o que comprometeu ainda mais as aspirações de chegar e manter o posto. Aliás, só assim se percebe que a única invicta no Mundial foi o Brasil, que venceu por duas vezes a anfitriã Sérvia. Primeiro na fase de grupos e depois na final inédita.

Antes da participação, o “sete” angolano realizou amistosos. Primeiro foi com a Coreia do Sul, no torneio das quatro nações, tendo defrontado a Espanha, a seleção anfitriã e a Rússia, em maio de 2013. Depois, seguiu a preparação no Brasil, com dois desafios (26-29; 29-37), frente às sul-americanas, em julho. No palco da competição, em novembro, disputou outro torneio, com Sérvia, Macedónia, Roménia e França. Falhou a prova de Áustria, por problemas burocráticos.

Fracassado o objetivo da Federação Angolana de Andebol em terminar pelo menos entre as primeiras 12 seleções, o 16º posto foi penoso, mas revela uma realidade. As campeãs africanas precisam de mais organização e jogos de elevado grau de dificuldade antes de grandes eventos, se quiserem subir na tabela classificativa.

Em seleções de formação, o Congo foi “ninho dourado” para as angolanas. De Oyo, o primeiro ouro foi conquistado pelo “sete” de cadetes e uma semana mais tarde a congénere de juniores repetiu o feito. As cadetes conseguiram o terceiro título consecutivo, ao baterem as tunisinas (29-18), em agosto, ao passo que em juniores a RD Congo foi a vítima (23-21), em setembro.

Em clubes, tudo deu certo. O país enviou a Marraquexe (Marrocos) três equipas femininas (Petro, 1º de Agosto e Progresso). A final foi angolana: petrolíferas e militares travaram o duelo, com triunfo das tricolores, e bronze para as sambilas. Em masculinos, o 1º de Agosto ficou em quinto.

Internamente, o 1º de Agosto destronou o Petro, em femininos, tendo feito a dobradinha com a classe masculina. Em Benguela, os rubro-negros foram superiores e conquistaram os nacionais seniores, embora entre mulheres o domínio continue com as tricolores (23 campeonatos), contra dois das militares. Em homens, os rubro-negros comandam com 22, seguidos da Banca (3).

Na diplomacia desportiva, Angola foi também centro das atenções. Em março, pela primeira vez, o presidente da IHF, Moustapha Hassan, visitou o país e declarou-se a favor da realização tão cedo quanto possível de Mundial em Luanda.

Pedro Godinho, responsável máximo da Federação Angolana de Andebol, cauteloso, na altura, direcionou as baterias para o Africano 2016, facto reforçado pouco depois em novembro pelo líder da instituição gestora da modalidade em África, Aremou Mansorou. Durante a permanência em Luanda, o dirigente desportivo visitou várias instituições, entre as quais as instalações dos órgãos públicos de comunicação social do país, além de audiências com o ministro da Comunicação Social e o secretário de Estado da Juventude e Desportos.