O presidente da Associação Nacional Atletismo Veterano (ANAV), Luís Jesus, apela a um maior apoio ao desporto sénior, defendendo que, para além dos benefícios óbvios, permitirá poupar milhões de euros no setor da saúde.

Falando à agência Lusa à margem da realização, em Braga, do Campeonato da Europa de veteranos em pista coberta, Luís Jesus realça a importância de um evento desta natureza para que “se impulsione o atletismo veterano em Portugal, que está ainda muito aquém de muitos outros países”.

“Basta ver que Espanha tem o dobro da nossa delegação”, apontou o antigo fundista, que esteve presente nos Jogos Olímpicos Atlanta1996.

O líder associativo mostrou-se crítico da visão que o Estado português tem para o desporto sénior, defendendo ainda que este setor precisa de mais ajuda financeira.

“Durante muitos anos, pouco ou nenhuma importância se dava ao atletismo veterano. Nos últimos 15 anos, por iniciativa dos atletas veteranos, tem vindo a crescer e a Federação não tem criado obstáculos, o que já é importante, e tem aceitado algumas propostas, como a da criação de uma taxa extraordinária de 3,5 euros, contra a vontade da maioria das associações regionais, para todos os atletas federados, que reverte para a ANAV, permitindo que esta seja autossustentável”, revelou.

Contudo, para Luís Jesus, isso é insuficiente, porque há muitos gastos na organização de campeonatos de veteranos e “era importante haver mais verbas, tal como existem para a formação e para o desporto profissional e olímpico”, notando que, do total de atletas federados, cerca de um terço são atletas veteranos (cerca de 7.000).

O dirigente enalteceu as virtudes da prática desportiva para a saúde, dando o exemplo de estudos que indicam que pessoas que praticam desporto foram menos afetadas pela covid-19, frisando também os benefícios económicos.

“Essas pessoas dão menos despesa ao Estado na saúde, por isso era importante apostar na prevenção e na mensagem dos seniores deverem praticar desporto. O nosso Estado investe largos milhões de euros na Segurança Social, nos lares da terceira idade, nas IPSS’s, em medicamentos; se se pegasse numa percentagem desse valor e se investisse no desporto sénior, tínhamos menos gente dependente, logo pouparíamos muito dinheiro ao Estado português”, defendeu.

Luís Jesus notou ainda que "os governantes dizem que há um grande empenho no desporto sénior, como ainda agora o seu representante afirmou na cerimónia de abertura deste campeonato, mas isso é mentira”. “Eles têm a visão do quanto é necessário investir aí, mas o problema é que a visão só não chega”, reforçou.