O andebolista português Hugo Lima sagrou-se campeão da II Liga francesa pelo Cesson-Rennes na terça-feira, beneficiando do desfecho prematuro da temporada, imposto pela pandemia de covid-19, que consumou o regresso imediato dos bretões à elite.

“É um bocadinho agridoce. É muito bom, porque era um objetivo que tínhamos desde o início, mas queríamos ganhar dentro do campo e com a nossa massa associativa, que nos apoiou desde o início. Dada a situação, foi o melhor que se pôde arranjar, mas sabe sempre bem ser campeão”, frisou à agência Lusa o central oriundo da Amadora.

Com oito jornadas por cumprir, o emblema dos arredores de Rennes comandava a fase regular, com 27 pontos, mais dois do que o Limoges, que também festejou a subida de divisão, fazendo alargar a 16 clubes a próxima edição do patamar máximo do andebol francês, no qual os últimos dois classificados conseguiram livrar-se da despromoção.

“Não creio que seja justo a nível competitivo, mas temos de pensar um bocadinho acima do desporto e focar na saúde. Acho que a federação e a associação de jogadores fizeram o melhor que podiam, já que neste último mês foram discutidos todos os cenários possíveis e estivemos sempre informados sobre o que podia vir a acontecer”, notou.

Hugo Lima, de 25 anos, atribui um “sabor especial” ao segundo título conquistado pelo Cesson-Rennes no escalão secundário, logo após ter interrompido um ciclo de 10 anos consecutivos na elite, pois os bretões chegaram a pisar o quarto posto e só ultrapassaram o Limoges à 16.ª jornada, quando faltavam três semanas até à paragem.

“Fiquei pasmado com a competitividade deste campeonato: em cada jogo não se sabia quem ia ganhar, o último podia derrotar o primeiro e os duelos entre os sete primeiros, normalmente, eram decididos por um ou dois pontos. Todas as equipas tinham orçamentos muito grandes e bons jogadores, pelo que venceu quem foi mais regular”, analisou.

Os gauleses até tiveram uma entrada “por baixo”, com oito triunfos, quatro desaires e um empate na primeira volta, mas a substituição técnica de Christian Gaudin por Sébastien Leriche no final de novembro conferiu “outro alento”, expresso numa recuperação com sete desafios invencíveis que vieram chocar com o final antecipado da época.

“Não estávamos a absorver a ideia pretendida pela equipa técnica e começámos a ter resultados menos positivos e derrotas que não devíamos. Até que o clube mudou de treinador e parecíamos mais felizes a jogar. Unimo-nos mais e fomos ganhando jogos difíceis, enquanto os rivais iam perdendo aqui e ali”, rememorou.

Prova desse início irregular, marcado por atletas que “não produziam o que podiam”, foi o desempenho do Cesson-Rennes nas provas a eliminar, com deslizes tangenciais nas partidas de estreia na Taça da Liga e na Taça de França, diante do ‘secundário’ Entente Estrasburgo (27-28) e do semiprofissional Caen Handball (27-26), respetivamente.

“Vinha de uma entorse grave no pé direito e tive de jogar esse primeiro jogo, porque não havia mais jogadores, incluindo laterais esquerdos, o outro central e um ponta. No outro encontro, ainda não sabíamos se o treinador iria mudar e o ambiente estava algo estranho e pesado, mas isso não é desculpa e tínhamos a obrigação de ganhar”, lamentou.

A par das restantes competições profissionais do país, a II Liga gaulesa foi suspensa em 12 de março e ficou com três dos sete duelos da 19.ª jornada pendentes, enquanto aguardava pela evolução do novo coronavírus, que ativou um período de confinamento social até 11 de maio, sem ainda ter dado tréguas à quarta nação mais vitimada.

“Há algum tempo pensei que já existiriam algumas melhorias por esta altura, mas França está cada vez pior, com mais casos e mais mortes. Resta-nos ficar em casa, mas muitos franceses não estão a respeitar isso. Do que vejo a partir de casa, noto que muitas pessoas estão na rua sem respeitar a quarentena”, elucidou.

Para evitar dias carregados de solidão, Hugo Lima viajou 112 quilómetros há um mês e foi fazer companhia ao internacional português Alexandre Cavalcanti, antigo parceiro de longa data no Benfica, que terminou 2019/20 como vice-campeão francês ao serviço do Nantes, com 29 pontos, a seis do hexacampeão Paris Saint-Germain.

“Recebi planos para exercitar ao máximo em casa. Chega a uma altura em que estamos a fazer exercício para nada e agora que a época acabou ainda se torna mais complicado. Só saio para comprar bens alimentares e procuro respeitar a quarentena, mas ao fim de um mês torna-se difícil arranjar coisas novas para fazer”, admitiu.

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