Com 15 anos acabados de fazer, Patrícia Rodrigues pode bem ser considerada a “menina-prodígio” do andebol nacional, depois de, em outubro, se ter estreado, e logo como titular, ao serviço da principal seleção lusa.
A 06 de outubro, um mês antes de completar os 15 anos, a jogadora do Juventude Amizade e Convívio (JAC), de Alcanena, foi, para sua surpresa, titular no jogo em que a seleção nacional venceu a Turquia (38-36), tendo jogado o tempo todo do encontro de qualificação para o Mundial2013 e marcado cinco golos.
«Sinceramente não estava à espera. Fiquei muito contente. Não sabia que ia começar a titular, mas quando o treinador me disse foi uma alegria enorme», disse Patrícia Rodrigues à agência Lusa.
Hoje Patrícia Rodrigues parte para o Azerbaijão com os restantes membros da seleção nacional de andebol feminino, para o segundo jogo da qualificação para o campeonato do Mundo, que se disputa em 2013 na Sérvia.
Não sabe ainda se vai voltar a ser titular no jogo da próxima quarta-feira, mas a jovem jogadora não esconde a vontade de jogar e de dar o seu «melhor para contribuir para uma vitória».
Patrícia foi “pescada” para o andebol pelo treinador do JAC, Marco Seco Santos, que a viu num torneio de futebol de rua, promovido pelo município de Alcanena tinha ela sete anos.
«Já conhecia o pai e disse-lhe que queria que ela aparecesse no pavilhão, porque se conseguia fazer aquilo com os pés com certeza também conseguia com as mãos. Logo à partida se percebia que estava ali um talento praticamente para qualquer modalidade que ela escolhesse», disse Marco Santos à agência Lusa.
Patrícia entrou no JAC numa altura em que o projeto iniciado por Marco Santos dava os primeiros passos. Oito anos depois de iniciar o projeto do andebol, o clube movimenta mais de uma centena de atletas, desde o escalão “bambi” (sete, oito anos), até às seniores, tendo criado este ano uma escola de “babyandebol”, para meninas de cinco e seis anos.
Para Marco Santos, a qualidade de um projeto que aposta na formação com uma vertente competitiva mostra-se nos resultados: oito títulos nacionais, mais de vinte presenças em finais nacionais dos diversos escalões de formação e 13 internacionais, além de que a equipa sénior conseguiu em 2011 chegar à primeira divisão nacional, campeonato que este ano disputa pela segunda vez.
Além de Patrícia, outra jogadora do JAC, Vanessa Oliveira, com 17 anos, tem sido convocada para a seleção nacional, não tendo participado no jogo com a Turquia por motivos de saúde.
Nervosa, por ser o seu primeiro jogo na seleção, Vanessa confessou à Lusa que, tal como Patrícia, um dia gostaria de ser jogadora profissional de andebol.
As duas têm tido um percurso escolar normal, Vanessa está no 12.º ano e Patrícia no 10.º.
«Aproveito todos os tempos livres que tenho para estudar e também os professores ajudam imenso. Quando falto às aulas, eles dão aulas particulares para me ajudarem a recuperar a matéria perdida», disse Patrícia.
Com quatro treinos semanais – três quando tem jornadas duplas, porque joga nas juniores e nas seniores -, Patrícia participa ainda nos estágios da seleção.
Antes de Patrícia, apenas Ana Isabel Sobral, hoje com 45 anos, jogou na seleção nacional de andebol com apenas 14 anos. Foi em junho de 1981, num jogo particular com a Holanda, faltavam-lhe então seis meses para fazer 15 anos.
Marco Santos lamenta que as dificuldades que os clubes atravessam, devido ao contexto económico, não facilitem a profissionalização das várias jogadoras do clube que demonstram grandes potencialidades para a prática da modalidade.
«Apenas podemos criar condições para que gostem do andebol, para que sintam o andebol, porque financeiramente não é fácil elas tirarem daí algum partido. A não ser que haja atletas que consigam contratos no estrangeiro, o que também já não é muito fácil», lamentou.
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