A judoca Rochele Nunes agradeceu hoje a Portugal por ter investido e acreditado nela quando nem a própria acreditava, expressando que “tudo tem valido a pena”, após conquistar o ‘bronze’ na categoria de +78 kg nos Europeus, em Lisboa.
“Dedico [a medalha] a Portugal. É muito difícil para os emigrantes ter esse carinho e esse amor com que eu fui recebida. Portugal investiu e acreditou em mim quando talvez nem eu acreditava. Tem valido muito a pena e dedico a todos os portugueses que ‘torcem’ por mim”, afirmou, visivelmente emocionada.
A atleta, de 31 anos, nascida em Pelotas, no Brasil, que chegou a Portugal em 2018 para representar o Benfica e, a partir de 2019, a seleção portuguesa, voltou a mostrar que atravessa um dos melhores momentos da sua carreira desportiva.
“Sou eternamente grata por tudo o que tem acontecido na minha vida e pela minha história. Hoje, eu entendo o que é ser portuguesa e poder trazer essa medalha, em casa, significa muito. Estou muito emocionada porque realmente tenho muito orgulho de lutar por uma bandeira e por um país e de saber que estou perto de concluir o meu objetivo”, expressou.
Rochele Nunes precisou apenas de 50 segundos no combate pelo ‘bronze’ para vencer, por ‘ippon’, a ucraniana Yelyzaveta Kalanina, uma adversária que nunca tinha superado.
“Eu pensei: Eu não saio daqui sem uma medalha. Vou dar tudo, o meu coração, o meu sangue, se for preciso, mas eu não ia sair daqui sem essa medalha e sem essa vitória”, contou.
Nas rondas eliminatórias, a judoca venceu a alemã Renee Lucht e a bósnia Larisa Ceric, antes de cair nas meias-finais, perante a francesa Lea Fontaine, que conquistou o segundo lugar da categoria.
“Fiquei muito frustrada pela semifinal. Queria cantar o hino, mas tive de mudar a ‘chave’ e saber que era muito importante eu estar no pódio. Estou muito feliz, sabendo que estou no caminho de tudo o que tenho feito, de abrir mão das coisas, de não estar sempre com a minha família e longe do meu marido. Tenho treinado muito, mas está a valer a pena”, realçou.
Esta é a segunda medalha consecutiva de Rochele Nunes em campeonatos da Europa, depois de também ter vencido o ‘bronze’ em Praga, em 2020, um feito inspirado na “imbatível” Telma Monteiro, que, no primeiro dia de prova, arrebatou a sua sexta medalha de ouro e a 15.ª em outras tantas presenças em provas continentais.
“Inspiro-me muito nela e quero trazer muito sucesso e orgulho para o país. Que seja sempre assim, que quando estiver a competir, possa sempre voltar com uma medalha”, desejou.
Para além da medalha de Rochele Nunes e do ‘ouro’ de Telma Monteiro (-57 kg), também os judocas João Crisóstomo (-66 kg) e Bárbara Timo (-70 kg) conquistaram o ‘bronze’, o que levou a seleção de Portugal a igualar o recorde de ‘metais’ numa edição dos Europeus (quatro), que tinha acontecido igualmente em Lisboa, em 2008.
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