A ‘Judo – Nova alternativa’, lista de oposição aos órgãos sociais da Federação Portuguesa de Judo (FPJ), questionou hoje a Mesa da Assembleia da Geral da FPJ em relação ao que diz serem “factos gravíssimos” no organismo.

A lista, encabeçada por José Mário Cachada, que concorria às eleições marcadas para 19 de fevereiro e que foram desconvocadas pelo Tribunal de Loures, vem hoje pedir esclarecimentos ao presidente da MAG, Carlos Andrade.

“A utilização do email institucional de Presidente da Federação Portuguesa de Judo, assim como o uso do carro propriedade da Federação por terceiro estranho [o presidente destituído] aos órgãos sociais daquela foi autorizado por V. Exª ou por qualquer outro membro ou órgão social”, questionam.

Em causa está o facto de Jorge Fernandes, presidente destituído em dezembro e que também concorria ao ato eleitoral de fevereiro, se ter deslocado na terça-feira à Assembleia da República, onde foi ouvido no âmbito da crise instalada na modalidade, no carro da FPJ.

“Se não foi autorizado, que procedimentos adotou face ao sucedido”, questionou hoje a lista, dirigindo-se a Carlos Andrade, presidente da MAG em funções.

No mesmo comunicado, a ‘Judo – Nova Alternativa’ refere que na lista de Jorge Fernandes existem candidatos à Comissão de Arbitragem, Nuno Carvalho, Francisco Rodrigues e Carlos Duarte, que exercem cargos em clubes, ou funções incompatíveis, como Vanda Pego ou Alberto Costa.

“Desempenham cargos associativos e de clubes incompatíveis com as funções que as mesmas exercem enquanto membros dos órgãos que atualmente integram na Federação Portuguesa de Judo. Que procedimentos adotou ou vai adotar face ao sucedido? Existe algum processo de destituição ou renúncia em curso?”, prosseguem.

Por último, são mencionados os atrasos na comunicação da FPJ aos atletas, denunciados na terça-feira em sede parlamentar, no que diz respeito à marcação de voos e ao “impacto negativo” que, dizem, podem ter em relação às obrigações dos judocas para com a Agência Mundial Antidopagem.

As audições de terça e quarta-feira, requeridas por vários grupos parlamentares, seguiram-se à crise que ‘estalou’ em agosto de 2022, com um grupo de judocas, entre os quais Telma Monteiro, a denunciarem um clima de opressão e um ambiente tóxico, dirigindo fortes críticas ao ex-presidente.

Mais tarde, num inquérito aberto pelo IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude), após queixa da Associação de Judo de Castelo Branco, Jorge Fernandes perdeu o mandato por incompatibilidades ao abrigo do artigo 51 do Regime Jurídico das Federações Desportivas, sendo destituído em dezembro.

O dirigente recandidatou-se ao cargo, juntamente com os órgãos sociais – após ofício do IPDJ a indicar que deveria proceder-se a uma eleição global -, mas o Tribunal de Loures, após providência cautelar da Associação de Castelo Branco, desconvocou essas mesmas eleições, determinando que as mesmas deveriam realizar-se apenas para o cargo de presidente, estando agora marcadas para 29 de abril.

Em paralelo, continua a decorrer um inquérito em relação às convocatórias da seleção, extraído ainda do primeiro e que foi na quinta-feira alargado pelo IPDJ, à luz das novas denúncias feitas em sede parlamentar, bem como uma auditoria à Federação.