Os atletas estão disponíveis para regressar aos eventos desportivos, apesar da pandemia de COVID-19, desde que tenham condições de higiene e segurança garantidas pelas entidades organizadoras, defendeu hoje o presidente da Associação Portuguesa de Eventos Desportivos (APORED).

Em declarações à agência Lusa, Paulo Costa referiu que “o fator confiança” dos participantes vai depender “do rigor e da qualidade organizativa” de quem promove os eventos e manifestou-se “100% de acordo” com a ‘fórmula’ de recomeçar a atividade numa escala de participantes mais reduzida.

“Vamos ter é de ter força para criar essas condições e ser exigentes, até na metodologia das novas condições de operação. As organizações têm é de ser obrigadas a cumprir uma série de normas, porque não vão faltar participantes”, assumiu o dono da Global Sport, empresa responsável por organizações como a Meia Maratona do Douro Vinhateiro ou o Circuito Automóvel de Vila Real.

Segundo Paulo Costa, é urgente dar respostas à economia local, “que vai precisar de gente e de qualquer pequeno evento” para sobreviver, até porque, apesar de alguns grandes eventos terem capacidade para serem adiados por um ano, “a realidade nua e crua do país é de micro e pequenas empresas que organizam eventos”, às quais aconselha a “aguentar” enquanto pensam nas formas de “reintroduzir os eventos com esta nova realidade da higienização e distância social”.

“Estamos à espera dessas linhas orientadoras, que ainda ninguém tem, e, por isso, a sugestão é aguentar, porque não é simples, não há uma fórmula e os territórios vão precisar de eventos”, apontou o fundador da APORED.

Num país onde, por alto, terão sido já adiados ou cancelados “cerca de cinco mil eventos”, sem contabilizar as regiões autónomas da Madeira e Açores, a nova associação de organizadores de eventos desportivos acredita mesmo que estes podem ser “uma janela de oportunidade” e o “motor do reinício de dinâmicas turísticas” a nível interno.

“Se em vez de dois mil participantes, um ‘Granfondo’ só puder ter 300, mas a dois ou três metros de distância na zona de partida, com medição da temperatura corporal, os próprios rastreios que podem ser feitos à imunidade com os meios serológicos que vão estar ao dispor das organizações, penso que nos vamos reinventar todos juntos e será interessante perceber que os eventos de massas podem ter aqui mudanças significativas”, exemplificou Paulo Costa.

Por outro lado, a crise provocada pela pandemia de COVID-19 pode ser “uma oportunidade” para alinhar estratégias de organização e promoção dos eventos, com vantagens para todos os envolvidos e para perceber que, atuando em conjunto, “se alguém apresentar uma ideia que acrescenta valor para além do seu próprio negócio, o produto fica mais sólido”.

“A própria liderança das entidades regionais de turismo pode ganhar força no sentido da articulação dos eventos para não se sobreporem e terem estratégias de promoção internacional comuns”, explicou Paulo Costa.

E o propósito da criação da APORED, que se encontra em fase de registo, depois de aprovados os estatutos, não é apenas “alinhar interesses” e ser uma “ferramenta de alerta e preocupação” dos vários organizadores de eventos, mas também explorar em conjunto “as tais oportunidades que a crise gera”.

“Podemos pegar numa associação só para dar um grito de revolta ou de 'SOS', ou podemos alinhar todos para escolher sete grandes feiras do desporto mundial e irmos fazer uma grande promoção dos eventos desportivos todos os anos, não como promoção de um evento específico, mas como país terra de eventos”, exemplificou o presidente da APORED.