Clubes e associações desportivas correm o risco de não sobreviver à pandemia de COVID-19 se não forem reabertas urgentemente as instalações cobertas, disseram hoje os presidentes das federações de ginástica, natação, ténis de mesa e associação de ginásios.
As dificuldades económicas dos seus associados foram uma preocupação comum manifestada pelos líderes daquelas quatro estruturas, numa videoconferência de imprensa conjunta, em que salientaram a necessidade de o Governo regulamentar a retoma das atividades físicas em espaços cobertos, à semelhança do que já fez com as que se desenrolam ao ar livre.
“Sem instalações não há atividades, não há desenvolvimento desportivo nem organizações sustentáveis e o tecido económico desportivo vai falir em cerca de um mês”, enquadrou o presidente da Federação Portuguesa de Natação (FPN), António José Silva.
O “preço final" da crise pode ser “incalculável”, reforçou o presidente da Federação de Ginástica de Portugal (FGP), João Paulo Rocha, enquanto o líder da Associação de Empresas de Ginásios e Academias de Portugal (AGAP), José Carlos Reis, alertou para o “extenso desemprego e número de clubes a encerrar atividade”, ao que o homólogo do Ténis de Mesa (FPTM), Pedro Miguel Moura, acrescentou que “não será possível aguentar muito mais tempo”.
“A FPTM está equipada e preparada para supervisionar o regresso à atividade de todos os seus clubes. Estes estão preparados para regressar e nós, como federação, estamos preparados para os auxiliar”, assegurou Pedro Miguel Moura.
Para isso, entendem que é necessário que o governo dê “um sinal e uma orientação” com a maior brevidade possível, sob pena de tornar a prática desportiva “perigosa aos olhos da opinião pública”, como teme João Paulo Rocha, da FGP.
“Estamos perplexos com a total ausência de regulamentação para os recintos fechados. Os clubes, ginásios e academias têm um longo historial de responsabilidade técnica e social, tendo sabido adaptar-se às restrições. Elaboraram planos de contingência para um regresso faseado logo que fosse possível e essas condições existem numa escala muito maior do que numa ida a um restaurante, supermercado ou cabeleireiro”, concluiu João Paulo Rocha.
Os líderes federativos passaram várias vezes a mensagem de que os equipamentos desportivos cobertos têm “melhores condições de higiene” do que alguns espaços de prática desportiva ao ar livre e o líder da FPN destacou que “mesmo nos países mais afetados pela pandemia tem havido um progressivo retomar da atividade em instalações cobertas” com os devidos “protocolos de desinfeção” que permitem a utilização de balneários como “ponto de chegada e partida”.
"No caso particular das piscinas, não há perigo acrescido da utilização da água, devido ao cloro. E o perigo associado que existe pode ser salvaguardado com protocolos de higienização e segurança muito bem definidos”, defendeu António José Silva.
Após o fim do estado de emergência, em 03 de maio, o Governo autorizou apenas o regresso da I Liga de futebol e da prática de desportos individuais ao ar livre, deixando de fora todas as modalidades praticadas em recintos cobertos, além de proibir expressamente a abertura e utilização de piscinas, ginásios, balneários e outros equipamentos de apoio à atividade desportiva.
Portugal contabiliza 1.144 mortos associados à COVID-19 em 27.679 casos confirmados de infeção, segundo a atualização de segunda-feira dos dados sobre a pandemia da Direção-Geral da Saúde (DGS).
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