A Comissão de Atletas Olímpicos (CAO) criticou hoje a falta de medidas de apoio ao desporto face à pandemia de covid-19, olhando com "grande preocupação" para a situação atual do setor em Portugal.

"Somos sensíveis à complexidade do contexto atual, transversal a todos os setores da sociedade. Mas, no nosso entender, e contrariamente ao verificado noutras áreas da sociedade, escasseiam medidas que visem apoiar o setor do desporto, contrariando mesmo aquelas que são as recomendações das instâncias internacionais" e os exemplos de outros países, pode ler-se num comunicado hoje enviado às redações.

A CAO lembra ainda que "o papel do desporto vai muito para além do alto rendimento desportivo" e o seu "contributo decisivo para o desenvolvimento pessoal de cada cidadão".

Após o setor ter procurado "soluções" e partilhado recursos, lembram, foram apresentadas propostas que visavam proteger "o tecido desportivo nacional" enquanto era salvaguardada "a saúde pública dos portugueses".

Ainda assim, a Comissão critica o facto de "ter sido perdida a oportunidade de estabelecer um diálogo profícuo e construtivo entre os decisores políticos, os dirigentes desportivos e mesmo os atletas em torno das medidas apresentadas".

Apesar de reconhecerem "esforços positivos" para garantir condições para os atletas do programa olímpico para Tóquio2020, adiado para 2021, importa "minimizar eventuais fatores de destabilização que possam surgir, direta ou indiretamente provocados pela atual situação".

"É com grande preocupação que olhamos para o futuro, para os olímpicos de amanhã, considerando os grandes constrangimentos que atualmente se verificam no desporto de formação", apontam.

Na segunda-feira, o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) criticou a "falta de resposta política" do Governo para o setor do desporto face à pandemia de covid-19, após o envio de uma carta aberta ao primeiro-ministro.

Em declarações à Lusa, José Manuel Constantino mencionou que a carta aberta, hoje enviada a António Costa e assinada por COP, Comité Paralímpico de Portugal (CPP) e Confederação do Desporto de Portugal (CDP), vem pedir medidas para o setor, "na linha" de outras missivas já enviadas ao Governo, inicialmente "muito centradas" na resposta sanitária à pandemia, expondo agora um momento crítico para o desporto.

Ao lado da "completa ausência de resposta àquilo que a pandemia está a gerar no desporto", Constantino diz levar "em linha de conta que a partir do momento em que foi conhecida a situação de condicionamento à atividade desportiva, houve um conjunto de medidas" que permitiram evitar "um colapso na situação desportiva", como as relacionadas com os programas olímpico e paralímpico, estendidos até 2021.

"Só que a situação não se esgota nesse tipo de medidas. À semelhança do que os governos europeus têm feito, é necessário um pacote de medidas, designadamente de compensação financeira, para que os pequenos clubes possam ser ressarcidos, pelo impacto económico da paralisação, e possam manter-se em atividade. É absolutamente indispensável encontrar políticas públicas robustecidas em função do que a situação exige dos governos", afirma o dirigente.