A experiência acumulada e os apoios recolhidos entre líderes federativos levaram Jorge Vieira a candidatar-se ao Comité Olímpico de Portugal (COP), num "salto" considerado inevitável para o antigo presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA).
“Gostei da metáfora do salto, porque é uma expressão do atletismo e, para alguém do atletismo, é um salto arriscado. É um salto que representa um desafio muito grande, até pelos vários candidatos que vemos anunciados, eu que vejo aí apenas um desafio fundamentalmente desportivo, mas haverá outro tipo de desafios que estão em jogo”, afirmou Jorge Vieira.
Depois de cumprir o seu terceiro e último mandato à frente da FPA, Jorge Vieira, aos 69 anos, propõe candidatar-se à presidência do COP, numa ‘corrida’ em que estão na ‘câmara de chamada’ o atual secretário-geral do organismo, José Manuel Araújo, e os antigos secretários de Estado do Desporto Laurentino Dias e Alexandre Mestre.
“A mim, pessoalmente, o que me leva a este desafio é, sobretudo, uma vida dedicada ao desporto, ao atletismo e também a dedicação e experiência obtida no atletismo olímpico. Fui responsável, como Diretor Técnico Nacional, de várias preparações olímpicas, acompanhei muitas participações e muitas conquistas de grandes classificações, nomeadamente de medalhas”, recordou.
Enquanto fazia o balanço dos 12 anos à frente do atletismo nacional, Jorge Vieira admitiu corresponder ao incitamento de alguns presidentes federativos.
“Depois de todo este envolvimento, cheguei à conclusão que, com a ajuda de outros colegas, dirigentes de federações, que me têm vindo também alertando para a necessidade, reunindo estas duas condições: a minha própria experiência e o apelo de algumas federações para que este movimento fosse iniciado, tomei esta decisão”, justificou.
No entanto, foi “uma decisão difícil”, para enfrentar “um desafio de vida”, por ser o próximo e pela responsabilidade imposta pelo antecessor.
“Não quero tirar valor de maneira nenhuma a este desafio que foi ser presidente da FPA, mas o desafio de ser presidente do Comité Olímpico de Portugal é um desafio ainda maior. Sobretudo, porque vem a seguir ao outro e a suceder a alguém como o professor José Manuel Constantino”, reconheceu.
Por ser inimitável, quer prosseguir “sobre as pisadas dele [Constantino], sobre o caminho que traçou, [para] conseguir evoluir”.
“Naturalmente, é um desafio de vida e vamos ver se se concretiza. Dependerá muito do apoio das federações e, também, naturalmente, da qualidade do nosso projeto”, admitiu.
Além da melhor preparação da equipa olímpica, Jorge Vieira pretende fazer vingar os valores do olimpismo em termos sociais e culturais, além da sua função desportiva, propondo-se a liderar o processo de definição e estimulação das políticas desportivas por parte dos governos.
“O desporto português vive de financiamento, público e privado, mas o financiamento público está num ponto de subfinanciamento crónico […] e o COP tem de ter, e é uma grande responsabilidade, um papel extremamente interveniente, que nunca cale a voz àquilo que são as injustiças perante este setor”, sublinhou.
Sem se referir diretamente a nenhum dos outros três anunciados candidatos, Jorge Vieira enalteceu a sua independência.
“Naturalmente, um dos maiores argumentos que eu tenho é a total independência. Além das eventuais competências que reuni na vivência, na intervenção, na reflexão, na intervenção em todas as Assembleias Gerais, da Confederação, do COP e, sobretudo, do Comité Paralímpico, eu tenho argumentos precisamente ao nível da total independência partidária”, vincou.
Daí, Jorge Vieira tem dificuldade em imaginar “um COP com orientações partidárias”.
“É algo que eu diria que vai contra aquilo que é precisamente a natureza mais elementar do Olimpismo, [que] é não estar ligado a governos, não depender dos governos, não depender de orientações partidárias […]. Não falo dos outros, os outros falarão de si, mas aquilo que eu posso assegurar claramente é que da minha parte terão essa abordagem que não estará dependente nunca do Governo que estiver no país”, concluiu.
As eleições do organismo olímpico, liderado por Artur Lopes desde a morte de José Manuel Constantino, em agosto último, realizam-se em março de 2025.
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