A integração do Laboratório de Análises de Dopagem (LAD) no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), hoje aprovada em Conselho de Ministros, abre a porta à reacreditação pela Agência Mundial Antidopagem (AMA), perdida em 2018.

Segundo o presidente da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), Manuel Brito, este passo era “absolutamente essencial para a reacreditação por parte da AMA”, que exige “que o laboratório seja uma entidade científica independente de qualquer estrutura ligada ao desporto”.

“Este passo que o Governo agora deu é de uma grande satisfação, do meu ponto de vista. Junta-se o LAD a uma entidade científica de grande credibilidade, e passa para o Ministério da Saúde. A AMA estará em condições de, o mais rapidamente possível, iniciar o processo de reacreditação do laboratório”, referiu, em declarações à Lusa.

Em comunicado, a secretaria de Estado do Desporto e da Juventude nota os “esforços empreendidos por Portugal na luta contra a dopagem” e a saída do LAD da alçada do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ).

“A acreditação do LAD, para além de dar visibilidade ao controlo de dopagem efetuado no nosso país e de reforçar a luta contra a dopagem, permite uma poupança ao Estado, que deixará de depender de análises encomendadas a laboratórios europeus, possibilitando, ainda, arrecadar receitas de análises de dopagem solicitadas por outros países”, acrescenta a nota.

De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, a integração “é mais um passo no sentido de garantir a independência das organizações antidopagem relativamente ao setor do desporto” e vai “também ao encontro das determinações constantes da norma internacional de laboratórios da Agência Mundial Antidopagem (AMA)”.

O LAD de Lisboa está suspenso desde abril de 2016 e perdeu a acreditação da AMA em outubro de 2018, face à não conformidade com os procedimentos internacionais.

Devido à suspensão, o laboratório está impedido de proceder à análise das amostras por parte de federações e organizações desportivas que tenham assinado o código mundial antidopagem.

Além do LAD, Portugal alicerça a luta antidopagem na ADoP e no Colégio Disciplinar Antidopagem, e com esta transferência poderá também ativar a rede lusófona antidopagem, que possibilitará a Lisboa certificar também amostras de países lusófonos africanos, num continente em que há laboratório apenas na África do Sul, e do Brasil, “mas não só”, lembra Manuel Brito.

Em abril de 2020, o presidente do IPDJ, Vítor Pataco, afirmou que o “investimento global para a reacreditação do laboratório ultrapassou os dois milhões de euros em três anos”, entre contratações e remunerações, formação de técnicos em laboratórios estrangeiros, modernização do sistema de gestão e aquisição de equipamentos especializados.