Paulo Fidalgo, na categoria de sub-23, e Nuno Coelho, no grupo etário LM40, conquistaram, respetivamente, as medalhas de bronze e de prata na última edição do campeonato do mundo de remo ‘indoor’.

A pandemia de covid-19 ‘roubou' aos remadores a possibilidade de irem para o rio treinar nas suas embarcações. A alternativa, que antes era só usada como uma ferramenta de treino de "segunda linha", foi o ergómetro, e daí surgiu o desafio de entrar em competição.

Em entrevista à agência Lusa, Paulo Fidalgo, de 20 anos, que conquistou há poucos dias a medalha de bronze na categoria sub-23 no Mundial, conta que o "desafio" surgiu para "apimentar" um pouco os treinos.

"Esta prova foi uma estratégia para ter motivação numa altura em que estamos limitados pela pandemia, com poucos treinos na água. Foi uma maneira de ganhar foco", conta o jovem remador.

Paulo Fidalgo confessa que não fez uma preparação específica para o evento, o que o deixa ainda mais satisfeito pelo terceiro lugar conquistado.

"Fizemos um teste para a seleção, duas semanas antes, e, depois, fizemos uma ligeira alteração no plano de treino para antecipar a prova. Mas foi só isso", revela.

A prova de 2.000 metros foi feita em 06.20,07 minutos e deu ao português a distinção de melhor atleta europeu. A estratégia foi "começar forte", mas "não dar tudo para depois poder ‘crescer’ a partir dos 1.000 metros".

O mesmo plano foi delineado por Nuno Coelho, que alcançou o segundo lugar na categoria LM40, com o tempo de 06.23,00 minutos.

"A parte psicológica é muito importante numa prova deste tipo e não podemos sair muito forte porque a meio sentimos que levamos com um martelo. Temos de gerir muito bem as forças e, a partir dos 1.000 metros, ir em busca do resultado. Este tipo de competição leva a uma exaustão rápida e temos de gerir muito bem a parte muscular", explica o remador.

Tal como Paulo Fidalgo, Nuno Coelho viu nesta prova a oportunidade de "matar saudades da competição".

"No primeiro confinamento passei muito tempo a remar na máquina, sentia falta da competição e decidi aproveitar esta oportunidade. A primeira competição foi o campeonato da Europa, que dava apuramento para este campeonato do mundo, e aí fui campeão no meu escalão. Quando temos um objetivo é mais fácil. Treinar por treinar na máquina é mais difícil. Assim tínhamos uma motivação, que passava por tentar ser campeão do mundo", conta o português.

Se a motivação apareceu quando se falou em competição, Nuno Coelho revela que foi difícil coordenar a vida profissional com o novo objetivo.

Enfermeiro no Centro Hospitalar do Porto, com o pico da pandemia de covid-19, Nuno viu os turnos noturnos aumentarem, assim como a gravidade dos doentes a quem tinha de prestar cuidados, o que tornou mais exigente ter disponibilidade e foco para a preparação.

Ultrapassada esta etapa, os dois remadores já pensam em voltar a remar na água: Paulo Fidalgo vai estar em julho no campeonato do mundo com o objetivo de alcançar um resultado que lhe permita entrar no projeto de esperanças olímpicas.

Já Nuno Coelho sonha com o Mundial que vai realizar-se na Praia da Torre, em Oeiras, em outubro, e não hesita quanto ao objetivo: "Quero ser campeão do mundo de remo de mar", atira decidido.