O antigo maratonista olímpico Ricardo Ribas quer transformar o “grande susto” que viveu recentemente e que o obrigou a submeter-se a uma ablação cardíaca, numa oportunidade para incluir mais exames à lista de testes médico-desportivos obrigatórios.
“Agora quero descansar 10 ou 15 dias, e depois gostava de reunir com as federações, o Comité Olímpico e o Instituto da Juventude e Desporto para chamar a atenção para a necessidade de incluir exames como o Holter de 24 horas na lista anual”, conta Ricardo Ribas à agência Lusa, menos de uma semana depois de ter sido submetido a uma ablação cardíaca.
O antigo fundista e meio-fundista, que se assume como um homem de “exemplos”, quer que o problema de saúde pelo qual passou, que agora até o transformou num caso de estudo para o Hospital de Guimarães, onde foi operado, sirva para alertar consciências.
“Tenho a certeza absoluta de que há muitos atletas, principalmente atletas de pelotão, que não fazem exames e têm que fazer. Pensamos que vendemos saúde e, no final, não vendemos. Tem que haver um controlo mais apertado, mesmo entre os que fazem todos os exames exigidos, como sempre foi o meu caso”, refere Ricardo Ribas, que viu a vida mudar no dia 26 de outubro passado, quando fazia um treino “em ritmo de passeio”.
“Foi um sinal lá de cima, os médicos dizem que foi um anjo”, refere, explicando que nesse treino começou a ter “batimentos cardíacos de 220 e com um pico nos 245”.
Durante o episódio, Ricardo Ribas conta que “só pensava nas duas filhas e mulher”, vivendo uma “assustadora sensação de impotência”.
Depois de vários exames, o diagnóstico chegou dois dias depois, com o resultado do Holter: fibrilhação auricular, um tipo de arritmia cardíaca em que existem batimentos cardíacos muito irregulares, e habitualmente rápidos.
Desde janeiro de 2022, altura em que teve covid-19, que Ricardo Ribas, que fazia uma média de 100 quilómetros semanais, sentiu que “algo não estava bem, porque sentia algumas arritmias”, tendo feito exames médicos que nada revelaram
Três meses depois do diagnóstico, Ricardo Ribas submeteu-se na passada quarta-feira a uma ablação de arritmias por cateter, um procedimento que demorou cerca de duas horas e meia, e que segundo os médicos “resolveu o problema”
Em tom de brincadeira, Ricardo Ribas, de 45 anos, referiu na sua página na rede social Facebook que o procedimento médico durou pouco menos do que as duas horas e trinta e oito minutos que demorou a correr a maratona dos Jogos Olímpicos Rio2016, e assume que na recuperação, que “está a correr muito bem”, o mais difícil é não poder beber café.
“Os médicos dizem que está tudo bem, sinto-me bem”, assegura Ricardo Ribas, que é casado com a atleta Dulce Félix, acrescentando que, terminado o período de recuperação, quer fazer caminhadas e “correr de forma tranquila, não levando o corpo a extremos”.
Ricardo Ribas, que deixou a competição no ano passado, é fundador e treinador do clube Team El Comandante, que conta com 150 atletas filiados, todos obrigados a fazerem o exame médico-desportivo.
“Os atletas do meu clube sempre fizeram exames, mas, às vezes, eu desvalorizava. Neste momento, obrigo-os a fazerem o exame médico-desportivo”, garante, alertando: “Os problemas de saúde batem na porta quando menos se espera”.
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