O presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), Jorge Vieira, mostrou-se hoje satisfeito com o regresso dos desportos individuais ao ar livre, mas também preocupado com a segurança, no âmbito da pandemia de covid-19.
O dirigente considerou que a autorização da retoma de desportos como o atletismo, incluída nas medidas de desconfinamento hoje aprovadas pelo Governo, se distingue pela "progressividade", e não uma "ordem de liberdade" para um regresso à normalidade.
"Tive uma reunião com os presidentes das associações [regionais] de atletismo, e é com regozijo que vemos esta norma. Mas também [a vemos] com preocupação, porque é uma norma que nos responsabiliza de forma grande. Temos de fazer [a retoma] com toda a cautela e com toda a segurança", admitiu o responsável, contactado pela Lusa.
Apesar da associação internacional (World Athletics) já ter recomendado aos países do hemisfério norte a realização dos seus campeonatos nacionais individuais em 08 e 09 de agosto, Jorge Vieira frisou ser muito difícil prever se isso vai ser possível, ainda que gostasse de "ter provas com alguma normalidade" por essa altura.
"A nossa capacidade de previsão está muito abalada. Há quem tenha dúvidas [que isso possa acontecer], mas há quem também seja mais otimista e acredite que poderemos estar a fazer provas normalmente. Tudo vai depender da disciplina que os intervenientes conseguirem aplicar no dia a dia", admitiu.
Além de querer realizar os Campeonatos de Portugal, inicialmente previstos para 28 de junho, o presidente da FPA revelou ainda que gostaria de ver disputados, nesta época, o campeonato nacional de clubes, previamente agendado para 12 de julho, e ainda um campeonato para os escalões mais jovens, mas lembrou que as provas, mesmo decorrendo ao ar livre, requerem adaptações em termos de segurança.
"Há disciplinas que, mesmo ao ar livre, implicam proximidade. E há provas em que não é possível aplicar nenhuma medida de distanciamento especial. É como se se realizasse um jogo de futebol e os jogadores não se pudessem aproximar uns dos outros", explicou.
O dirigente federativo disse ainda que o desporto e os resultados obtidos são "importantes", mas "num ambiente normal", de "liberdade", que "não existe neste momento".
As medidas de desconfinamento, hoje aprovadas no âmbito da transição do estado de emergência, que cessa no sábado, para o estado de calamidade, permitem ainda a realização das 10 jornadas que restam da I Liga portuguesa de futebol e da final da Taça de Portugal.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 227 mil mortos e infetou quase 3,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Cerca de 908 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 989 pessoas das 25.045 confirmadas como infetadas, e há 1.519 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
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