O desporto nacional está fora do debate eleitoral e os programas dos principais partidos candidatos às legislativas de domingo revelam uma “pobreza muito grande” de políticas desportivas, disse hoje o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA).

Em declarações à agência Lusa, à margem da apresentação, em Mira, da 24ª edição dos Campeonatos Nacionais de corta-mato curto, Jorge Vieira afirmou que o desporto nacional “não é um tema e deveria ser”, não só nas eleições, mas também na discussão política regular, apesar do impacto económico e social da prática desportiva, e dos benefícios que tem na saúde, na educação ou na coesão territorial, entre outras áreas.

“Há, genericamente, uma pobreza muito grande na contemplação do desporto nos programas eleitorais”, argumentou o dirigente federativo.

Sobre o financiamento – que, na sessão no município de Mira, cifrou em 12 milhões de euros, suportados pelas receitas dos jogos sociais e lotarias, um modelo que classificou de “miserável” -, Jorge Vieira observou que se as famílias portuguesas não jogarem no Euromilhões o desporto não tem dinheiro.

No entanto, o presidente da FPA manifestou esperança que, após as eleições, um novo Governo olhe de maneira diferente para o desporto nacional e que este ganhe uma maior relevância.

“A minha esperança é sempre o dia seguinte [às eleições], eleito o novo Governo, no resultado de uma eleição, os políticos demonstrem ainda mais força do que os anteriores. Isto não quer de maneira nenhuma dizer que os políticos anteriores que foram responsáveis pelo desporto não se preocupassem, não se tenham esforçado, obviamente que se esforçaram. Mas nós precisamos de um impulso muito maior, muito mais vigoroso”, argumentou.

“E com o tempo, encontrarmos pessoas, políticos, que despertem claramente para a prioridade de que em termos sociais o desporto pode representar”, declarou o presidente da FPA.

Lembrando que o desenvolvimento desportivo nacional se tem feito com poucos meios, com muito voluntariado e amadorismo “no bom sentido, porque são pessoas que amam aquilo que fazem”, e o apoio dos clubes e autarquias e a “sensibilidade” da população, Jorge Vieira defendeu políticas desportivas “mais robustas” e um modelo de financiamento diferente.

“Que não seja apenas aquele, atual, dependente dos jogos sociais, dependente das apostas, que as famílias fazem nos jogos ao longo da semana. O desporto merece mais do que isso”, advogou.