Tiago Luís Pereira reconheceu hoje que ficou a faltar um grande salto na final do triplo dos Mundiais de atletismo, em Budapeste, onde a classificação o fez acreditar em mais.

Em Budapeste, o português terminou no 11.º lugar, com os 16,26 conseguidos no primeiro salto, na final que encontrou em Hugues Fabrice Zango, do Burkina Faso, o sucessor do ausente Pedro Pablo Pichardo.

Zango, que tinha sido segundo em Oregon2022, atrás do português, campeão olímpico e europeu, venceu o concurso, com 17,64, o pior registo do vencedor de Mundiais desde Helsínquia2005 [o vencedor foi o norte-americano Walter Davis, com 17,57].

Tiago Pereira registou apenas um salto válido, segundo o próprio por ter tentado assegurar um lugar entre os oito finalistas.

“Eu não gosto de encontrar justificações para o que acontece. Foi o que foi. Encarei a prova como encaro todas, para deixar tudo e foi o revés da qualificação. Encaixei o primeiro e arrisquei os outros dois. Não tinha nada a perder, acertava e ficava nos oito ou fazia os nulos e ficava de fora, como aconteceu”, explicou o saltador do Sporting.

Na zona mista do Centro Nacional de Atletismo, Tiago Pereira rejeitou que a lesão do jovem jamaicano Jaydon Hibbert, de 18 anos, detentor da melhor marca do ano (17,87) e líder da qualificação (17,70), logo no primeiro salto, tenha baralhado o desenrolar do concurso.

“Eu foco-me no que tenho de fazer, no meu melhor salto e hoje não estive nem perto de o fazer e a falha foi aí. É aí que eu tenho de me preparar melhor”, assegurou, reiterando que faltou o ‘voo’ pretendido: “Eu tentei, dei o meu melhor, não foi suficiente, é preparar da melhor maneira a próxima temporada”.

O atleta natural de Lisboa, de 29 anos, chegou à final com os 16,77 alcançados na qualificação, no sábado, quando conseguiu o melhor salto do ano, mesmo assim longe do seu recorde pessoal (17,11).

“Foi uma época difícil, a qualificação deu-me esperança de fazer melhor, mas não consegui. [Sábado] Foi um dia excecional e podia ainda ter feito melhor. Hoje também me senti bem, mas não sei o que faltou. Talvez tenha faltado um bocadinho de sorte para ter um bom salto. Mesmo assim, o segredo é trabalhar mais”, vincou.

Questionado sobre a estratégia de arriscar nos saltos finais, ficando sem margem de erro, Tiago Pereira salientou que aposta sempre na primeira tentativa.

“Eu arrisco sempre no primeiro salto, mas hoje não deu. Depois não costumo arriscar, mas também para não seguir entre os oito, ser nono ou ser 10.º é igual. Não estou desiludido, estou um pouco triste, porque não gosto de perder”, lamentou.

Mesmo assim, e apesar de ter piorado um lugar face ao 10.º lugar em Oregon2022, Tiago Pereira aponta ao futuro: “Estou confiante para a próxima temporada, porque são estes os momentos que nos fazem crescer e nos fazem ser melhores”.

Na final que encontrou o sucessor de Pichardo, ausente por lesão, no historial mundial, Zango subiu, finalmente, ao lugar mais alto do pódio, depois da prata em Oregon2022 e em Doha2019 e do bronze nos Jogos Olímpicos Tóquio2020.

Zango conquistou a primeira medalha de ouro em Mundiais para o Burkina Faso, impondo-se aos cubanos Lázaro Martínez, prata com 17,41, e Cristian Nápoles, que conquistou o bronze com o recorde pessoal de 17,40.

O triplo salto é a disciplina em que Portugal conquistou mais medalhas em Mundiais, cinco – de um total de 23 –, duas delas de ouro, com o título de Nelson Évora em Osaka2007, além do de Pichardo, à frente da maratona (quatro) e dos 10.000 metros (três).