Samuel Barata e Mariana Machado (Sporting de Braga) venceram hoje a São Silvestre de Lisboa, com o atleta do Benfica a ser o mais forte na corrida de homens contra mulheres.

Após um ano sem corrida, devido à pandemia de covid-19, a São Silvestre de Lisboa regressou às ruas de Lisboa, com Samuel Barata a vencer com novo recorde da prova, de 28.43 minutos.

"Os adversários foram muito fortes. Há quem diga que o nível em Portugal está mais fraco. Eu discordo. O nível está cada vez melhor. Acho que foi das melhores em Portugal nos últimos tempos, fruto da competitividade que tivemos. Tivemos grandes atletas e para ganhar tive de correr muito", disse à agência Lusa.

Samuel Barata, que tinha sido segundo classificado em 2019, bateu Miguel Borges (Sporting), que gastou mais 19 segundos, e Isaac Nader (Benfica), a 38.

Para o atleta do Benfica, a crise do meio-fundo e do fundo não é apenas portuguesa, "é a nível europeu", pois existe uma hegemonia africana, que não permite que os outros atletas alcancem esse nível.

"Temos de ser muito melhores do que o Carlos Lopes, do que o Fernando Mamede, do que o António Pinto, do que os gémeos Castro e mesmo assim não chega. O nosso nível interno está bom, está alto. (...) Os mais novos vão aparecer, já temos a Mariana Machado, o Isaac Nader, que foi terceiro classificado nos 1.500 metros nos Europeus sub-23, temos outros miúdos a aparecer. O trabalho está a ser novamente bem feito. Isto é uma modalidade difícil, é uma modalidade pobre. Hoje a universidade é a saída, não é a corrida, porque o futuro é incerto", referiu.

Para 2022, Samuel Barata tem como grande objetivo os 10.000 metros nos Europeus ao ar livre, mas antes espera ajudar o Benfica na Taça dos Campeões Europeus de corta-mato e lutar pelo Nacional de 10.000 metros.

Mariana Machada, ultrapassada por Samuel Barata na descida do Marquês de Pombal para os Restauradores, onde estava a meta, ganhou a prova em 33.09 minutos, menos 38 segundos do que Lia Lemos (Sporting) e 1.04 do que Jessica Augusto (Sporting), vencedora em 2019.

"Ganhar na minha estreia, com 21 anos, também é muito bom, é uma recompensa do meu trabalho. Ganhar uma competição destas, com esta história e com atletas de nível internacional, deixa-me muito contente. Infelizmente não conseguimos vencer a 'Guerra dos Sexos', mas os masculinos estiveram muito bem e correram muito rápido, estão de parabéns", disse.

A estudante de medicina considera que termina "em grande" um 2021 "muito desafiante e com muitos percalços", com o bronze nos Europeus de sub-23 de corta-mato e a vitória na São Silvestre.

"Saio daqui muito mais motivada para o que vem pela frente, porque estes resultados exigem muita disciplina e saio mais motivada para os objetivos da próxima época: melhorar todos os meus recordes pessoais, ter mais presenças internacionais e continuar a conquistar muitas mais medalhas para o nosso país. Lembro-me em nova de querer ser a melhor a nível regional, depois a nível nacional e agora os objetivos já são mais a nível internacional, fazer o que atletas, como a Jessica Augusto, fizeram há uns anos. Servem-me de grande inspiração e espero um dia também ter uma carreira assim", afirmou.

Para Mariana Machado, "ter uma mãe [Albertina Machado] três vezes atleta olímpica é uma motivação muito grande, porque é um exemplo diário".