A queniana Faith Kipyegon deu hoje o primeiro passo para ser uma das grandes figuras dos Mundiais de atletismo de Budapeste, com o ouro nos 1.500 metros, apontando agora para o sucesso nos 5.000 metros, também.

A recordista mundial da distância, que conquistou o seu terceiro título a este nível, mantém bem alto o orgulho da maior potência africana do meio-fundo, decididamente menos forte do que é habitual nas corridas mais longas.

Um bom exemplo disso foi a final dos 3.000 metros obstáculos - a prova queniana 'por excelência' - decidida pelo marroquino Soufiane el Bakkali e pelo etíope Lamesha Girma.

Nas finais dos concursos, a norte-americana Valarie Allman foi surpreendida pela sua compatriota Laulauga Tausaga no lançamento do disco, enquanto o italiano Gianmarco Tamberi foi o mais consistente no salto em altura, agora sem ter de dividir ouro, como aconteceu em Tóquio2020.

Para Kipyegon, o ano prossegue perfeito, depois de se ter apossado, em junho e julho, dos recordes do mundo de 1.500, 5.000 metros e milha.

Para que a atleta, de 29 anos, feche em beleza a época, só lhe falta mesmo o triunfo em Budapeste nos 5.000 metros.

Kipyegon, já dupla campeã olímpica, passa a tricampeã mundial, com a marca de 3.54,87 segundos, após uma volta final 'fulminante' que não deu hipóteses à etíope Diribe Welteje e à neerlandesa Sifan Hassan, que apareceu com um braço ligado, após a queda na final direta de 10.000 metros.

Sábado, outra neerlandesa caiu, Femke Bol, que também está visivelmente recuperada, fazendo o melhor tempo das eliminatórias dos 400 metros barreiras.

A exemplo de Kipyegon, também o marroquino Soufiane El Bakkali se defendeu bem da oposição da 'distinta concorrência', em que se destacava o novo recordista mundial, o etíope Lamesha Girma, relegado para segundo lugar.

Soufianne, de 27 anos, consegue já a quarta medalha consecutiva, numa sequência que passa a ter medalha de prata, medalha de bronze e agora duas de ouro.

Em 08.03,53 minutos, defendeu o título, perante o consistente ataque de Girma, que liderava a 120 metros do final. Mas Bakkali passou para a frente na saída da vala de água, para não mais se deixar alcançar.

Girma, que fechou em 08.05,44, a 13 segundos do seu recorde, fica pela quarta vez consecutiva num segundo lugar, depois dos Mundiais de Londres, Doha e Oregon e ainda dos Jogos Olímpicos.

O Quénia, dominador absoluto nos Mundiais por quase 40 anos, até aparecer El Bakkali, teve de se contentar com o bronze de Abraham Kibiwot.

Hoje, os Estados Unidos conseguiram uma medalha de ouro, mas não através dos atletas mais candidatos: Laulauga Tausaga surpreendeu toda a gente e é a nova campeã do disco.

Tausaga precisou de fazer um recorde pessoal de quatro metros, a 69,49, para surpreender a favorita Valarie Allman, também dos Estados Unidos, segunda com 69,23.

Tal como em Oregon, no ano passado, Allman fica-se pelo segundo lugar de uma prova a que chegou como favorita. A campeã olímpica lidera a época, com um arremesso de 70,25 metros.

O terceiro lugar foi para a chinesa Bin Feng, campeã no ano passado, enquanto Liliana Cá foi oitava e assim deu o primeiro ponto a Portugal no quadro de classificações top-8.

A medalha de ouro no salto em altura foi para o italiano Gianmarco Tamberi, o mediático saltador da 'meia barba' - foi o único a saltar 2,36 metros à primeira e desta vez não tem de partilhar o ouro, como aconteceu em Tóquio2020, com o catarense Mutaz Essa Barshim.

O saltador do Qatar, que chegou como triplo campeão mundial, ficou-se pelos 2,33 metros e a medalha de bronze, já que dois rivais passaram 2,36.

Tamberi fê-lo à primeira e ganha, já que o norte-americano JuVaughn Harrison teve um derrube.

Para o italiano, era a medalha que faltava no currículo, depois do título olímpico e de ser bicampeão europeu, além de campeão do mundo e da Europa em pista coberta.

Ao quarto dia de provas, os Estados Unidos reforçam a liderança no quadro de medalhas, com 12, metade das quais de ouro.

Um terço das finais já disputadas foram vencidas por norte-americanos.

No quadro de pontos, têm 116 pontos, contra 47 do Quénia e 46 da Etiópia.

Portugal aparece agora no 'modesto' 48.º lugar, com um ponto apenas.