O ultramaratonista inglês Scott Cunliffe quer tornar-se no fim de semana o primeiro atleta a correr os cerca de 110 quilómetros entre a costa norte e a costa sul de Timor-Leste incluindo a subida aos 3.000 metros do Monte Ramelau.
"É um grande desafio em si mas com ele quero também chamar turistas de aventura a Timor, corredores, escaladores, ou amantes de natureza, pessoas interessadas em turismo cultural ou histórico", explicou à Lusa em Díli
A viagem deverá começar às 00:00 de domingo na costa sul, o Tasi Mane (Mar Homem), a sul da vila de Cassa, e terminar cerca das 15:00 na capital timorense, Díli, cidade banhada pelo Tasi Feto (Mar Mulher).
Corredor há 10 anos - e com dois anos de experiência em grandes corridas - Cunliffe já correu uma prova de 102 quilómetros, distância que será ultrapassada em Timor-Leste onde aos desafios se soma "o clima, a temperatura elevada".
"Manter o corpo numa temperatura adequada é essencial. Conseguir controlar a hidratação e a nutrição é importante. Vou ter um carro de apoio comigo com água fresca e gelo. Mas se estiver mais húmido será melhor", afirmou,
"O objetivo é fazer a corrida entre 15 e 17 horas. Espero poder chegar a Díli cerca das 15 de domingo. Este tempo inclui pequenas paragens para comer qualquer coisa, trocar de sapatos", explicou.
Cunliffe, que esteve como observador no referendo de independência de Timor-Leste em 1999 - depois trabalhou no país novamente entre 2003 e 2008 - está atualmente a viajar por vários países onde dá formação em ultramaratonas e provas de corrida de largas distâncias.
"Correr uma ultramaratona é muito duro. Ao ritmo de uma maratona só muito poucos o conseguem fazer. Mas mesmo mais lentamente, a partir aí dos 60 ou 70 torna-se muito difícil", explicou.
"O principal é uma questão mental, manter uma atitude positiva. Temos que praticar, acumular quilómetros para nos prepararmos. Este ano já fiz várias grandes corridas. O teu corpo começa a ganhar força e capacidade", explicou.
Apesar disso, recorda, um atleta que faça uma prova deste tipo "está sempre suscetível a situações ou a pequenas coisas".
"Uma pedra no sapato, se não a tirares logo, pode tornar-se um problema grave mais tarde. Mas é tudo uma questão mental. Meditas, de vez em quanto fazes um mantra. Às vezes meto musica", contou.
"A parte de estar sozinho não me incomoda. Esta é uma prática egoísta. Eu gosto da solidão. Gostamos do espaço mental. Tento focar-me no momento o máximo possível. Foco-me na respiração, em ficar calmo", acrescentou.
Depois é tudo uma questão de tática e também de sorte. A primeira vez que tentou escalar o Monte Ramelau pelo sul perdeu-se. Ia sem guia e quando deu conta estava à beira de um precipício.
Agora espera ter guia para subir, pelo sul, à montanha mais alta de Timor-Leste. E depois descer, em corrida, até Díli.
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