A 11.ª etapa da Volta a França premiou os dois ciclistas mais astutos da 103.ª edição, com o campeão do mundo Peter Sagan (Tinkoff) a festejar o segundo triunfo e Chris Froome (Sky) a cimentar a amarela.
Num perfeito golpe de teatro, o eslovaco e o britânico aproveitaram uma distração do primeiro pelotão e uma mudança na direção do vento para, a 12 quilómetros de Montpellier, partirem rumo à vitória de etapa – a sexta de sempre de Sagan, segunda na 103.ª edição – e às bonificações, que permitem a Froome enfrentar mais descansado a agora reduzida subida ao Mont Ventoux.
“Froomey e Geraint Thomas vieram connosco [com ele e Maciej Bodnar]. Eu disse: 'Somos demasiado fortes, eles nunca nos vão apanhar'. Puxámos forte e aconteceu. É inacreditável”, descreveu Sagan, em quem a maldição da camisola arco-íris está a ter um efeito contrário (de eterno segundo passou a consagrado primeiro).
Em mais uma etapa sem história – a fuga que Arthur Vichot (FDJ) e Leigh Howard (IAM Cycling) iniciaram ao quilómetro três acabou a 60 da meta -, foram as condições atmosféricas a agitar o pelotão.
O forte vento cruzado que se fez sentir ao longo dos 162,5 entre Carcassonne e Montpellier começou por causar diversas quedas, com o francês Thibaut Pinot (FDJ) a ser o nome mais sonante envolvido, para depois deixar os favoritos em sobressalto por culpa dos ‘abanicos’.
Curiosamente, o principal prejudicado pelos cortes provocados pelo vento, que dividiu o pelotão em dois (no segundo grupo ficaram 81 ciclistas), foi Pinot, o terceiro classificado de 2014, que continua a ter um Tour para esquecer.
Mas o melhor (ou o pior, dependendo da perspetiva), estava por vir: Chris Froome avisou, alto e bom som, que cada segundo conta nesta edição, mas o colombiano Nairo Quintana não o ouviu e hoje, a 12 quilómetros da meta, quando o grupo de favoritos curvou para mudar de direção, o inevitável aconteceu, o britânico acelerou na companhia do fiel Geraint Thomas, do indomável Peter Sagan (Tinkoff) e do seu trabalhador Maciej Bodnar, para deixar o seu principal rival para trás.
Mal colocado no grupo e sem a ajuda da equipa – foi o compatriota e amigo Jarlinson Pantano (IAM Cycling) que assumiu a perseguição aos homens da frente -, o colombiano mostrou não ter aprendido com os erros das edições de 2013 e 2015, sendo ‘condenado’ por mais uma das suas já famosas distrações, ao perder seis segundos na meta (mais seis de bonificações) para o duplo vencedor da Volta a França.
A penalização podia ter sido bem maior, uma vez que o quarteto chegou a rolar com mais de 20 segundos de avanço, mas Quintana beneficiou da vontade das equipas dos ‘sprinters’ de lutar pela etapa, perdendo apenas seis segundos para o trio da frente (Maciej Bodnar foi terceiro), que cumpriu a tirada em 3:26.23 horas.
O 'vice' das edições de 2013 e 2015 vai partir para a 12.ª etapa, encurtada em seis quilómetros devido à previsão de ventos fortes (serão 179 quilómetros entre Montpellier e a contagem de Reynard Chalet), a 35 segundos de Froome.
Adam Yates (Orica-BikeExchange) é o mais bem colocado na perseguição ao seu compatriota, a 28 segundos, com o irlandês Daniel Martin (Etixx-QuickStep) no terceiro lugar, a 31.
Os portugueses Rui Costa (Lampre-Merida), 164.º a 5.39 minutos, e Nelson Oliveira (Movistar), 122.º a 3.50, desceram na geral: o primeiro é 43.º, a 41.43, e o segundo é 123.º, a 1:39.50 horas da amarela.
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