Tiago Machado acredita que hoje poderia ter ficado entre os dez primeiros do contrarrelógio dos Mundiais de ciclismo, em Ponferrada, Espanha, caso tivesse podido treinar na sua bicicleta fora das provas, ao longo da temporada.
“Disse que este ano as minhas pernas estavam melhores. E a prova disso mesmo é que, sem ter as condições mínimas para preparar o contrarrelógio, defendi-me da melhor maneira possível. Quando digo não ter as condições mínimas, não me refiro à seleção nacional, refiro-me à equipa que não me disponibilizou a bicicleta o tempo necessário para eu treinar”, contou no final do “crono”.
“Tiaguinho” passou uma época sem a sua “cabra” em casa, dispondo dela apenas durante as provas ou na véspera do arranque das corridas, um fator que hoje pesou no seu desempenho.
“Neste nível, tudo se paga. Perdi muito tempo nas descidas porque ia a medo. Quando era linha reta e subida não ia com qualquer problema, vinha a desenvolver bem, mas quando não treinas na bicicleta é natural que te ressintas nas descidas… os segundos que perdi para o “top 10” foram nas descidas”, analisou.
Se o 11.º lugar foi uma surpresa para (quase) todos, não o foi para o ciclista de Famalicão, que, no seu íntimo, esperava um resultado a este nível.
“Eu, no meu subconsciente, sempre acreditei que seria possível ficar no ‘top 15’, mesmo não treinando da bicicleta. Posso provar isso, porque, ainda ontem, em conversa com o meu empresário e o meu preparador disse que ia voar, porque já me conheço e sabia que a preparação física era boa. Não estava era adaptado à bicicleta e posso dizer que terminei com bastantes dores nas costas e nos glúteos”, revelou.
Divertido ao lado do colega e amigo Nelson Oliveira na poltrona reservada aos três melhores do contrarrelógio, o ciclista da NetApp-Endura, que já assinou pela Katusha, contou que ambos, que apostaram um jantar com toda a comitiva que os acompanhou à mesa do jantar da véspera, disfrutaram do momento.
“Sabíamos que ia ser difícil ficar lá até ao final, mas estamos a dar bom seguimento ao nosso objetivo, que é os [Jogos] Olímpicos de 2016. Deus queira que tenhamos as condições físicas necessárias para representar o nosso país nessa altura. Mas acreditamos que daqui a dois anos podemos estar mais fortes do que este ano”, disse.
Nunca virando a cara à luta, Machado respondeu à pergunta sobre uma possível batalha no Rio de Janeiro com Bradley Wiggins ao seu jeito: “Vai ser uma luta de David contra Golias, mas os portugueses são assim mesmo. Somos raçudos, vamos à luta. Acho que já ficámos mais próximos este ano do que nos anos anteriores”.
O ciclista de 29 anos acredita que os melhores anos, seus e de Nelson Oliveira, estão para vir e apontou o foco já para a prova de fundo.
“As sensações no último topo foram boas e acredito que podemos fazer história mais uma vez no próximo domingo””, concluiu.
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