Os angolanos Igor e Walter da Silva são as novas atrações da 75.ª Volta a Portugal em bicicleta, quer pela originalidade da sua presença, quer pela boa disposição que se estende para lá das cores da Banco Bic-Carmim.
Despertam toda a atenção: há um corrupio de comunicação social em redor deles, na estrada há quem para eles aponte, quase num gesto de incredulidade, como se nunca tivessem visto angolanos na estrada. E não andam longe da verdade, de facto.
Igor Silva e Walter da Silva (o apelido não revela nenhuma parentalidade) não são os primeiros angolanos a participar na Volta a Portugal, mas quase.
«É tudo diferente para nós. É uma alegria, uma satisfação, não só para nós, mas para o resto do pessoal de Angola. Está a ser uma festa enorme», disse à Agência Lusa Igor Silva, uma das contratações de última hora da mais antiga equipa do pelotão internacional.
A camisola de campeão angolano destaca-o entre os elementos do Banco Bic-Carmim e isso enche de orgulho o ciclista para quem sempre foi um sonho estar na prova rainha do calendário português.
«Nós lá era só televisão. Quando chegava a Volta a Portugal, a Volta a França, todas as provas, nós estávamos sempre sentados a assistir. E perguntávamos ‘quando é que vamos estar aí?’. Já estamos numa. É uma grande satisfação para nós», assumiu, sorridente.
As diferenças são mais do que muitas, mas a principal é que em Angola só existe uma equipa forte, precisamente aquela onde corriam (Benfica de Luanda) e, como tal, não existia competitividade.
«Quando quiséssemos fazer alguma coisa, fazíamos. Quando quiséssemos andar devagar, nós é que mandávamos na corrida. Então, aqui é tudo diferente. Há muita competitividade, era isso que esperávamos e é isso que queremos ter no nosso futuro no ciclismo. Vamos aproveitar o máximo, para transmitirmos ao nosso grupo que ficou na retaguarda em Angola», reconheceu.
Há dois meses em Portugal, Igor Silva recorda o mês de treino intensivo, a excelente receção dos colegas portugueses e confessa que o elevado calor que se faz sentir por estes dias nas estradas portuguesas é muito bom para ele.
Também para Walter da Silva, que foi levado para o ciclismo por Igor – «ele morava próximo da minha casa, decidimos dar uma volta de bicicleta e ele disse ‘tens jeito, vem pedalar connosco’. Há oito anos que pedalo e tive sempre sucesso» -, está maravilhado com a experiência «muito boa».
Difícil tem sido adaptar-se ao clima, à alimentação e às serras: «Cá têm muitas serras, e não é o meu forte, sou um rolador. Quando é a subir raramente me destaco».
E o objetivo dele é, exatamente esse, destacar-se, como aconteceu na primeira etapa.
«Chegámos e parece que já somos da equipa há muito tempo. Fomos bem recebidos, parece que já corremos há muito tempo juntos. Foi só a apresentação, subir para a bicicleta e treinar. Estão a ser como irmãos para nós», disse Walter, enquanto se apressava para ir assinar o ponto antes da partida para mais uma jornada do seu sonho profissional.
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