O diretor da Volta a França, Christian Prudhomme, considerou hoje que a confissão de uso de produtos dopantes por Lance Armstrong foi «um exercício de comunicação milimétrico», garantindo que um ciclista não se dopa sozinho.

«Ninguém se pode dopar durante anos, como ele disse que fez, sem cúmplices», disse Prudhomme, que acrescentou que gostaria de saber se o diretor desportivo Johan Bruyneel «estava ao corrente» do uso de doping por Armstrong.

Para o diretor do Tour, «é necessário saber como funcionava o sistema de dopagem» revelado pela investigação da Agência Antidopagem dos Estados Unidos (USADA) e quem ajudou Armstrong.

Sobre a entrevista concedida à apresentadora de televisão Oprah Winfrey, na qual Armstrong admitiu pela primeira vez que se dopou, Prudhomme considera que foi «um exercício de comunicação milimétrica, com respostas estudadas», que o ex-ciclista norte-americano «preparou alegadamente com os seus advogados».

«Não houve surpresas, depois de tudo o que foi dito. Contudo, se há umas semanas dissessem que Armstrong ia confessar, não acreditaríamos», afirmou.
Prudhomme exigiu ainda que, depois de ter admitido o recurso ao doping, Armstrong devolva o dinheiro recebido pelos triunfos em sete Voltas a França, de 1999 a 2005, que seria investido na luta contra o doping e na formação de jovens ciclistas.

«Para nós, Armstrong é passado, foi apagado do palmarés e agora a única coisa que pedimos é que fale sobre o sistema [de doping] para que não se repita», afirmou.

Em relação à marca que este caso pode deixar no ciclismo, Prudhomme considera que «causou dano», mas que o «fervor popular» que hoje sentiu no condado de Yorkshire, na Inglaterra, onde vão ser disputadas as primeiras etapas do Tour2014, é uma prova de que a modalidade está viva.

Lance Armstrong venceu, entre 1999 e 2005, sete edições consecutivas da Volta a França, a principal competição velocipédica do mundo, mas as mesmas foram-lhe retiradas pela União Ciclista Internacional (UCI), na sequência de um inquérito da Agência Antidopagem dos Estados Unidos (USADA).

As conclusões apontavam para o recurso de doping, que sempre negara, ao longo de quase toda a carreira e, por isso, o seu palmarés desde 01 de agosto de 1998 foi “apagado”, sendo que na quinta-feira, o Comité Olímpico Internacional (COI) também exigiu a Lance a devolução do bronze conquistado em 2000.