O diretor da Volta a França, Christian Prudhomme, disse hoje esperar que a prova que começa no sábado seja mais aberta e decidida “o mais tarde possível”, sinal de um ciclismo “mais relaxado e com menos controlo”.

“Talvez seja pela pandemia que as corridas estão mais interessantes, porque os corredores se deram conta de que podiam desfrutar da paixão enquanto o mundo estava confinado”, explicou Prudhomme, numa entrevista na cidade de partida, Brest.

Com os ciclistas a desfrutarem mais das provas, há corridas “mais animadas”, com ataques e “menos controlo”, como descreveu, e decidem-se mais tarde, como aconteceu em 2020, quando a ‘batalha dos eslovenos’ se desequilibrou a favor de Tadej Pogacar (UAE Emirates) no contrarrelógio final, com o ‘colapso’ de Primoz Roglic (Jumbo-Visma).

A presença de mais chegadas em alto no traçado da edição de 2021 – menos montanhosa do que a anterior - só traria mais espetáculo se os ciclistas assim o quisessem, destacou o diretor, já que “se for para atacar a 800 metros da meta, não servem para nada”.

Quanto a favoritos, Christian Prudhomme elencou os dois eslovenos, o “impressionante” Pogacar e um Roglic a querer “esquecer 2020”, mas também as “quatro cabeças” da INEOS, com a primeira semana a fazer as principais diferenças.

Na hierarquia da equipa britânica, acredita mais na supremacia do equatoriano Richard Carapaz e do britânico Geraint Thomas – vencedor em 2018, que, aos 35 anos, pode tornar-se no mais velho a ganhar o Tour desde 1922 -, com o australiano Richie Porte e o também britânico Tao Geoghegan Hart a correrem por fora, assim como outros “francoatiradores que possam desmontar os guiões escritos antes do arranque”.

Sobre a estreia do holandês Mathieu Van der Poel (Alpecin-Fenix), neto de Raymond Poulidor, que é uma das atrações da prova, Prudhomme disse esperar que o ciclista possa “atacar de longe e rebentar com tudo”.

“Não vem com ambições de ganhar o Tour, mas de vestir a camisola amarela que o avô nunca conseguiu. É extraordinário. Foi Poulidor que me deu o amor pelo ciclismo, e Mathieu leva-o no sangue”, rematou.

A 108.ª Volta a França arranca no sábado, em Brest, e termina em 18 de julho, em Paris.