O luxemburguês Andy Schleck lamentou este sábado que sejam os atuais ciclistas a pagarem o preço pelo uso sistemático de doping confessado pelo norte-americano Lance Armstrong, vencedor de sete Voltas a França.

«Quando tudo isto começou eu tinha 14, 15 anos, portanto eu venho de uma era diferente. Penso que é um pouco triste que sejamos nós a pagar agora o que aconteceu há 15 anos», disse Schleck.

Em Adelaide, na Austrália, antes do início do Tour Down Under, prova de abertura da temporada, Schleck disse que a confissão de Armstrong, numa entrevista à apresentadora Oprah Winfrey, «não foi uma surpresa», porque «já se conheciam as provas».

«Penso que é bom para ele, provavelmente tira-lhe algum peso dos ombros, mas acredito que a situação triste aqui é que será o ciclismo atual a pagar o preço. E é triste termos de pagar o preço de algo que aconteceu quando ainda nem éramos profissionais», referiu.

Schleck, que venceu a Volta a França de 2010 graças à desqualificação do espanhol Alberto Contador por doping, disse ainda acreditar que Armstrong não usou produtos proibidos no seu regresso ao ciclismo em 2009.

O atual campeão mundial, o belga Philippe Gilbert, disse que os atuais ciclistas estão cansados de falar sobre o caso de Armstrong.

«Claro que é uma parte da história do ciclista, mas é passado e agora queremos ver algo completamente diferente», afirmou.

Contudo, o australiano Simon Gerrans, vencedor do Tour Down Under em 2012, considera que o ciclismo, assim como qualquer desporto profissional, nunca vai ser “100 por cento limpo”, porque fazer batota faz parte “da natureza humana”.

Lance Armstrong admitiu pela primeira vez que se dopou, numa entrevista concedida à apresentadora de televisão Oprah Winfrey e que cuja gravação foi emitida na quinta-feira nos Estados Unidos.

Lance Armstrong venceu, entre 1990 e 2005, sete edições consecutivas da Volta a França, a principal competição velocipédica do mundo, mas as mesmas foram-lhe retiradas pela União Ciclista Internacional (UCI), na sequência de um inquérito da Agência Antidopagem dos Estados Unidos (USADA).

As conclusões apontavam para o recurso de doping, que sempre negara, ao longo de quase toda a carreira e, por isso, o seu palmarés desde 01 de agosto de 1998 foi “apagado”, sendo que quinta-feira, o Comité Olímpico Internacional (COI) também exigiu a Lance a devolução do bronze conquistado no contrarrelógio em 2000.