O britânico Ben Wiggins, de 17 anos, conseguiu hoje o título europeu da corrida de pontos júnior, no campeonato da Europa de ciclismo de pista a decorrer em Anadia, continuando as pisadas do pai, Bradley.
“É uma bênção que ele seja meu pai. É muito inspirador para mim, e se não fosse ele... por outro lado, há muita pressão associada. Sendo sincero, é algo com que tive dificuldades este ano. Especialmente na estrada, em que as coisas não têm sido favoráveis para mim. Na pista... sempre quis ganhar, sabia que podia, e é especial para mim e para a minha família”, conta, em declarações à agência Lusa, pouco depois de subir ao pódio.
No Velódromo Nacional, em Sangalhos, já tinha conseguido um bronze na perseguição por equipas, e hoje juntou-lhe um ouro na corrida por pontos, no penúltimo dia dos Europeus.
O jovem vai seguindo as pisadas do pai, vencedor da Volta a França em 2012, na estrada, e pentacampeão olímpico, com um título no ‘crono’ de estrada e quatro na pista, num total de oito pódios em Jogos Olímpicos.
Filho de um dos grandes campeões da história do desporto britânico, e neto de outro antigo ciclista profissional, Ben já assumiu as parecenças mais do que genéticas, desde logo notórias pela apetência pelos velódromos e também pela estrada, em que é vice-campeão britânico do ‘crono’.
O pai, com várias ‘vidas’ após terminar a carreira, tem aparecido mais nas televisões de todo o mundo, aos 42 anos, como comentador da Volta a França, mas não deixa de acompanhar o jovem ciclista, seja nos treinos, nos conselhos, e no apoio.
“Liguei ao meu pai agora mesmo e ele estava a chorar ao telefone. É incrível”, revela Ben.
O sucesso mostra o resultado de foco e trabalho face a “muita pressão em cima dos ombros”. “Ver o trabalho duro recompensado mostra que tudo é possível. Significa tudo para mim”, descreve.
Apesar das duas medalhas, quer “sempre mais”. “É assim que eu sou. (...) Nas últimas 20-30 voltas, fui-me sentindo mais e mais forte e os outros mais e mais cansados. Foi uma corrida muito dura, toda a gente estava fatigada. Tive de procurar algo mais e tentar, e é muito fixe [vencer]”, afirma.
Parte da sua apetência nesta corrida vem de memória. “Vejo ciclismo desde que me lembro, e vi incontáveis corridas de pontos. Nem sei resumir, ainda não ‘caiu a ficha’, é uma sensação especial”, admite.
Para a frente, os campeonatos britânicos de pista são um objetivo antes dos Mundiais de estrada, em Wollongong, na Austrália, em que espera ‘brilhar’ no contrarrelógio.
Pode até discordar do pai em matéria futebolística (Bradley mostrou afinidade pelo Arsenal, o mais novo é ‘fanático’ do Liverpool), mas na opinião em torno do desfecho da Volta a França, que termina no próximo domingo, acompanha a preferência pelo dinamarquês Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma).
Ainda assim, o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates), segundo na geral e vencedor das últimas duas edições, “tem de continuar a lutar, até porque o Jonas caiu”, e as “etapas duras” que ainda surgirão tornarão a disputa “interessante”, analisa o mais novo do ‘clã’ Wiggins, também aqui semelhante ao pai.
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