João Almeida ‘elegeu’ hoje Primoz Roglic como o adversário mais forte na luta pela Volta a Itália em bicicleta, embora tenha advertido que Geraint Thomas não pode ser subestimado, numa disputa a três para a qual está bem preparado.

Mostrando-se confiante, ainda que sempre ‘defensivo’, o líder da juventude do Giro e quarto classificado da geral escusou-se a assumir uma candidatura ao primeiro lugar final, apesar de ter reconhecido que vai lutar para vestir a ‘maglia rosa’ no domingo, em Roma, assim como por qualquer um dos outros degraus do pódio.

“Estou bastante bem, acho eu. Consegui recuperar bem da queda. Estive doente mas também consegui recuperar bem. Tem tudo para correr bem esta última semana, estamos preparados”, garantiu o português da UAE Emirates, em videoconferência de imprensa, no último dia de descanso da Volta a Itália.

Almeida está otimista para a última semana da 106.ª edição e isso notou-se no domingo, no final da 15.ª etapa, quando acelerou por estar a sentir-se “bem” e querer testar os adversários, e também hoje, na conversa com os jornalistas, na qual fez “um balanço muito positivo” da sua prestação até ao momento, assim como do desempenho da equipa, que já soma duas vitórias em etapas: "O que penso que é muito positivo. Cria um melhor ambiente de grupo e torna as coisas mais fáceis nestes últimos dias”.

O português, que foi quarto no Giro2020, após ter andado 15 dias de rosa, e sexto no de 2021, assumiu estar “numa posição ainda melhor do que estava à espera”.

“Estou a praticamente a 20 segundos dos rivais, o que é muito positivo”, disse, referindo-se aos verdadeiros candidatos ao pódio, o britânico Geraint Thomas (INEOS), segundo da geral a 01.08 minutos do ‘provisório’ líder Bruno Armirail (Groupama-FDJ), e o esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma), terceiro a 01.10.

O ciclista de A-dos-Francos está na quarta posição, a 22 segundos do campeão do Tour2018 e a 20 do tricampeão da Vuelta (2019-2021), os homens que identifica como os seus grandes rivais nas derradeiras seis etapas.

“Tanto o Roglic como o Thomas são bastante regulares e são fortes na última semana, portanto acho que estamos equilibrados”, defendeu, antes de ser ‘forçado’ a eleger qual dos dois é o seu grande rival: “Entre os dois, não consigo dizer. Talvez o Primoz, mas nunca podemos subestimar o ‘G’”.

Almeida abordou ainda as críticas à falta de ataques entre os candidatos neste Giro, reconhecendo que as condições meteorológicas adversas foram as ‘culpadas’ pela aparente apatia do pelotão.

“Acho que é mais pelas condições atmosféricas, sem dúvida. Têm sido etapas muito diferentes do habitual, etapas muito longas também… O pelotão está muito doente, toda a gente está bastante doente, o que limita muito as equipas”, notou.

Ainda assim, o luso de 24 anos admitiu que esperava mais movimentações, nomeadamente de ‘Rogla’.

“Estava à espera que ele atacasse mais. Talvez esteja a recuperar das quedas, mas definitivamente não parece o Roglic de costume”, pontuou.

Já sobre a tática da ‘expectante’ INEOS, lembrou que a equipa britânica teve duas ‘baixas’ de peso, Tao Geoghegan Hart, o campeão do Giro2020 que desistiu devido a queda, e Filippo Ganna, uma das primeiras ‘vítimas’ da covid-19.

“A INEOS só está a pensar no Thomas, não quer saber do oitavo ou nono lugar. Claro que tendo perdido o Tao e o Ganna… só são seis, contando com o ‘G’. Têm de ser mais cautelosos, enquanto a Jumbo tem uma equipa completa”, salientou.

Desejando que não haja mais quedas, nem desistências motivadas pela covid-19, uma vez que o pelotão já está diminuto e os candidatos ao triunfo final já são poucos, Almeida defendeu que a redução da luta a três não altera nada nas suas pretensões.

“Vai ganhar o mais forte. Acho que [Roglic e Thomas] se estão a guardar para esta última semana, o que faz sentido. Mas nada vai tornar a luta mais fácil”, concluiu.