A organização da Volta a Itália, que na sexta-feira arranca na capital da Hungria, Budapeste, disse hoje que o evento velocipédico não deve ser permeado por protestos políticos, entre a guerra na Ucrânia e as leis húngaras anti-LGBTQ+.
“Gostava que a política e outras coisas não fossem tidas em consideração. Enquanto RCS, e enquanto Volta a Itália, garantimos a todas as pessoas, no geral, a possibilidade de viver um evento incrível”, declarou hoje o diretor-executivo da empresa que organiza o Giro, Paolo Bellino.
Para o organizador, o desporto “é o único momento da vida em que, enquanto sociedade, toda a gente é livre de mostrar do que é capaz, e de mostrar a sua paixão”, numa conferência de imprensa em que uma questão sobre se são esperados protestos em Budapeste foi interrompida a meio.
A Hungria vai receber a ‘Grande Partenza’, isto é, três etapas que arrancam a ‘corsa rosa’, na sexta-feira, no sábado e no domingo, antes de o pelotão voltar a Itália, num plano que já vem de 2020, então gorado pela pandemia de covid-19.
Além da proximidade do presidente do país, Viktor Orbán, ao presidente russo, Vladimir Putin, no quadro da invasão russa à Ucrânia, as políticas de extrema-direita do governo húngaro têm levado a várias leis anti-LGBTQ+ nos últimos anos, num país em que o casamento homossexual, bem como a coadoção, é ilegal.
Estas incluem a proibição de materiais que possam “promover a homossexualidade” ou a mudança de sexo nas escolas, com as novas leis, aprovadas em junho de 2021, a lançarem uma onda de críticas e protestos pelo país.
O desporto não tem passado ao lado da questão, como no Euro2020, em que a UEFA impediu o Allianz Arena, um estádio em Munique, de se iluminar com as cores do arco-íris para o Alemanha-Hungria, como forma de protesto.
As leis têm sido defendidas por Orbán como sendo para “proteger as crianças” e o Parlamento Europeu aprovou, em julho de 2021, o início de um processo jurídico contra a sua adoção.
A Volta a Itália de 2022, a 105.ª edição da prova, começa em Budapeste, em 06 de maio, e termina em Verona, em 29 do mesmo mês, 21 etapas depois.
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