O ciclista espanhol Jesús del Pino (Efapel) explodiu de alegria ao beneficiar da tática falhada da W52-FC Porto, que lançou Raúl Alarcón para a vitória na terceira etapa, para conquistar o 2.º Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela.

Terceiro à partida para a última etapa, o espanhol ‘colou-se’ ao grupo perseguidor na subida à Torre, aguentou-se na descida para Manteigas e beneficiou do cansaço do valente Raúl Alarcón (W52-FC Porto), que andou cerca de 40 quilómetros isolado, e do colapso de Ricardo Mestre, para arrebatar a camisola amarela ao russo Alexander Evtushenko (Lokosphinx) e suceder a Jóni Brandão no palmarés dos vencedores.

“Nunca temi pelo triunfo. Tinha uma vantagem confortável, fiz a etapa toda na roda dos meus companheiros. A fuga do Alarcón não me assustou. Se ele tivesse fugido em Seia, podia ter ganhado a geral, mas como já o fez durante a subida a Torre, sabia que estava controlado”, explicou o corredor da Efapel.

Muito antes de Del Pino consumar o triunfo, seis aventureiros saíram do pelotão para colorir os 163 quilómetros entre Belmonte e Manteigas: nas primeiras pedaladas, Carlos Jiménez (Burgos BH), Pedro Paulinho (Louletano-Hospital de Loulé), Hugo Sancho (LA Alumínios-Metalusa BlackJack), Eneko Lizarralde (Euskadi Basque Country-Murias), Rui Sousa e Daniel Sánchez (RP-Boavista) isolaram-se na frente de corrida e por lá ficaram durante longas horas, atingindo uma vantagem superior a quatro minutos.

Só quando o Sporting-Tavira se aliou à Efapel na perseguição é que o sexteto viu a diferença cair bruscamente. Rui Sousa, em fuga pelo segundo dia consecutivo, apesar das mazelas da queda na primeira etapa, tentou deixar para trás os companheiros de jornada no início da subida de 28,3 quilómetros até à sua querida Torre, mas a W52-FC Porto tinha outras ideias, anulando a fuga ao quilómetro 115.

Foi aí que lançou o inesgotável Raúl Alarcón. O espanhol, vencedor do Grande Prémio Jornal de Notícias na semana passada e da Volta às Astúrias, diante do vice-campeão do Giro2017, o colombiano Nairo Quintana (Movistar), no início do mês de maio, coroou isolado o ponto mais alto de Portugal continental, antes de dar meia volta e descer, pela mesma estrada onde subiu, rumo a Manteigas, algo inédito nas corridas nacionais.

Atrás de si, a 03.30 minutos, o ciclista ‘dragão’ tinha sete perseguidores, os compatriotas Del Pino, terceiro à partida, e Sergio Pardilla (Caja Rural), o companheiro algarvio Amaro Antunes, os portugueses João Benta (RP-Boavista), Frederico Figueiredo (Sporting-Tavira) e Henrique Casimiro (Efapel) e o russo Dmitrii Strakhov (Lokosphinx).

O quarto classificado da Volta a Portugal de 2016, que pode ser promovido ao pódio caso se confirme o positivo de Daniel Silva, que foi terceiro, foi perdendo ‘gás’ na descida para Manteigas, onde cortou a meta com o tempo de 04.46.00 horas.

“Estou morto”, disparou o corredor de Sax (Alicante), antes de explicar que o seu objetivo nunca foi a geral, mas sim a terceira e última etapa da prova beirã: “A estratégia era que o [Ricardo] Mestre [segundo da geral antes da etapa] fosse no grupo e que, caso lá estivesse alguém perigoso, eu arrancasse. Quando o terceiro se meteu no grupo, arranquei para ver se ele descolava. A ideia era que o Mestre ficasse com o Del Pino, mas infelizmente não conseguiu”.

A tática da dominadora W52-FC Porto, que venceu coletivamente, fracassou por uma vez – não houve nenhum ‘azul e branco’ no pódio, com Alarcón a ser quarto e Mestre quinto – e o toledano, de 26 anos, acabou mesmo por conquistar “a vitória mais importante da carreira”.

Ao seu lado no pódio, Del Pino teve dois dos seus companheiros na fuga do primeiro dia: o ex-camisola amarela, Alexander Evtushenko, que acabou na segunda posição, a 58 segundos, e o compatriota Beñat Txoperena (Euskadi-Murias), terceiro a 01.11 minutos.