“Foi um dia muito difícil. Fiquei surpreendido comigo mesmo, foi sempre a todo o gás, o dia todo, sem pausas. Nas últimas duas Voltas a Itália, não fiz etapas assim, com montanhas super grandes e muito duras. Estou muito feliz com a minha performance e o resultado. Continuaremos a lutar até ao fim”, declarou aos jornalistas, após o final da etapa em Aprica.
Num dia, com mais de 5.000 metros de desnível de subida, o maior registo deste ano no Giro, em que o checo Jan Hirt (Intermarché-Wanty-Gobert Matériaux) venceu a solo, a ‘etapa rainha’ foi um teste de força e determinação para o ciclista português, que perdeu tempo, mas segue em terceiro na geral.
Hirt, de 31 anos, cumpriu os 202 quilómetros entre Salò e Aprica, a chegada tornada famosa por Marco Pantani em 1994, em 5:40.45 horas, com o neerlandês Thymen Arensman (DSM) em segundo, a sete segundos, e o australiano Jai Hindley (BORA-hansgrohe) a ser terceiro, a 1.24 minutos.
Nas contas da geral, Hindley bonificou e aproximou-se da liderança do equatoriano Richard Carapaz (INEOS), hoje quarto, que tem apenas três segundos de vantagem, com João Almeida, oitavo na etapa a 1.38, a segurar o terceiro posto, mas a perder tempo, ficando agora a 44 do líder. O espanhol Mikel Landa (Bahrain Victorious) aproximou-se do português, e é quarto a 59 do primeiro.
Líder da classificação da juventude, o jovem de 23 anos, das Caldas da Rainha, foi questionado sobre se pensa na camisola rosa, de líder da geral, em vez da ‘maglia bianca’ que ostenta.
“Exatamente. Claro que vai ser super difícil, os adversários estão muito fortes”, respondeu.
O jovem luso quer “continuar a tentar” para descobrir “o que é possível conquistar”, garantiu, e mostrou-se “feliz com a performance” e por limitar as perdas a poucos segundos, seguindo “na luta e a menos de um minuto” de Carapaz.
O ‘maglia rosa’, por sua vez, explicou também que contava bater Hindley pelo terceiro posto, e assim bonificar, mas classificou este como “um dia bom, ainda assim”.
“Perdi alguns segundos para Hindley, mas ganhei mais para Almeida, pelo que o balanço é positivo”, explicou o ciclista de Carchi após cortar a meta.
Já vencedor do Giro por uma vez, em 2019, a ‘Locomotiva’ sente-se “feliz” e com boas sensações para tentar um novo triunfo.
Mikel Landa, por seu lado, junta-se ao português na avaliação de Carapaz e Hindley como estando “muito fortes”, e a tentativa, em que “faltou muito pouco para os distanciar”, dá-lhe confiança.
“Ainda falta muito Giro. Na quarta-feira, por exemplo, será parecido a hoje e acho que se vai sentir o esforço de um dia tão duro”, destacou.
Longe da ‘guerra’ pelos primeiros lugares, ainda que tenha reentrado no ‘top 10’, para 10.º, o veterano espanhol Alejandro Valverde (Movistar) tentou hoje, aos 42 anos, tornar-se no mais velho de sempre a ganhar numa grande Volta, fechando no quinto posto.
“Talvez tenha gasto mais energia do que a conta pedia, e em Santa Cristina paguei esse esforço. Limitei-me a pôr o meu ritmo e tentei acabar bem. Veremos o que se pode fazer nos próximos dias”, avisou.
Na quarta-feira, a 17.ª etapa liga Ponte di Legno a Lavarone em 168 quilómetros, com duas contagens de montanha de primeira categoria, voltando a testar os homens da geral.
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