
João Almeida (UAE Emirates) fechou hoje com classe o inédito triunfo na Volta ao País Basco para um ciclista português, com dois ataques que lhe permitiram ‘bisar’ em etapas e bater toda a concorrência.
O português acabou a corrida espanhola por etapas no primeiro lugar, com 1.52 minutos de vantagem para o espanhol Enric Mas (Movistar), segundo, e 1.59 face ao alemão Maximilian Schachmann (Soudal Quick-Step), terceiro, após vencer hoje a sexta e última tirada, em que atacou duas vezes para alargar a vantagem.
Almeida, de 26 anos, que já havia vencido a quarta etapa, cumpriu a tirada final, de 153,4 quilómetros, com partida e chegada em Eibar, em 3:56.54 horas, batendo Enric Mas em cima da meta, enquanto o irlandês Ben Healy (EF Education-Easy Post) foi terceiro, a 13 segundos.
Melhor voltista português da atualidade e um dos melhores de sempre, atrás de Joaquim Agostinho, Almeida, que ganhou a quarta etapa da Itzulia, tem ‘apenas’ três gerais entre os 17 triunfos inscritos no seu currículo, pois, antes, só tinha arrebatado a Volta a Polónia, do escalão WorldTour, e a Volta ao Luxemburgo, ambas em 2021.
Hoje, mostrou um nível de elite mundial a subir e uma agressividade que parece ter encontrado mais recentemente, ao estilo do companheiro de equipa esloveno Tadej Pogacar, e não só selou a conquista da geral como conseguiu uma vitória numa grande etapa.
Destacada a fuga do dia, sempre controlada por um bloco coeso da UAE Emirates em torno do seu líder, a etapa foi-se desenrolando sem que muitos rivais parecessem ter condições de lhe ameaçar a amarela, mesmo tendo colocado homens na frente.
Sem ataques adversários, foi o luso a sair, a cerca de 39 quilómetros da meta, para ‘dinamitar’ o que faltava do grupo de favoritos, já selecionado pela dureza e pela chuva que entretanto se fez sentir na estrada, dando azo a quedas.
Almeida queria vencer a etapa e, a pouco mais de 19 quilómetros do fim, voltou a atacar, formando depois um grupo em que mantinha consigo o mexicano Isaac del Toro, seu companheiro de equipa que resistiu praticamente até final, mas também Enric Mas, a ‘revelação’ francesa Jordan Jegat (TotalEnergies), vestígio da fuga do dia, e o sempre combativo Ben Healy, que havia vencido na sexta-feira.
Na aproximação à meta, o grupo que trazia Shachmann conseguiu ganhar algum terreno à frente, que se ‘desfazia’ até deixar em vista um ‘mano a mano’ ibérico, não fosse Mas pedir ao português que, selada a conquista da geral, o deixasse vencer a etapa – Almeida recusou o pedido.
Na meta, bastou colocar-se na frente para vencer no sprint um Enric Mas no limite, levantando os braços em Eibar para selar uma conquista múltipla – a geral, o ‘bis’ em etapas, e a classificação por pontos, numa demonstração de liderança que serve de sinal à equipa, antes de ir trabalhar para Pogacar na Volta a França e do outro grande objetivo da época, a Volta a Espanha.
A Volta ao País Basco integra o lote de sete principais corridas por etapas do WorldTour, para além das grandes Voltas, juntamente com o Paris-Nice, o Tirreno-Adriático, a Volta à Catalunha, a Volta à Romandia, o Critério do Dauphiné e a Volta à Suíça.
É, por isso, a maior vitória da carreira do jovem que se mostrou ao mundo ao liderar a Volta a Itália durante 15 dias, em 2020, que venceu a Volta a Polónia e a Volta ao Luxemburgo em 2021, que não tinha fama de ciclista de ataque e que, este ano, também já ergueu os braços numa etapa do Paris-Nice, a juntar a uma etapa na Volta a Itália de 2023 e duas na Volta à Suíça do ano passado.
Este ano, o terceiro classificado do Giro2023 já tinha sido segundo na geral da Volta ao Algarve, atrás do bicampeão do Tour (2022 e 2023) Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), e na Volta à Comunidade Valenciana.
O outro português em prova, Nelson Oliveira (Movistar), terminou a 'Itzulia' no 33.º posto da geral final.
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