A prova, que arranca na sexta-feira em Budapeste, não será tão ao jeito do luso, com menos quilómetros de contrarrelógio do que nas duas últimas edições, em que o ciclista das Caldas da Rainha se mostrou no pelotão internacional: em 2020, foi quarto e vestiu a camisola de líder durante 15 dias, seguindo-se um 2021 ‘atribulado’ que ainda deu para o sexto lugar.
Atualmente em 10.º no ‘ranking’ mundial da União Ciclista Internacional (UCI), o jovem de 23 anos traz três ‘top 10’ em outras tantas provas por etapas do escalão WorldTour em 2022.
Muito antes do abandono no Grande Prémio Miguel Indurain, o único ‘outsider’ na lista desta temporada, já Almeida começava no que a equipa chama de casa, os Emirados Árabes Unidos, aí numa missão dupla, de se mostrar nas novas cores e apoiar a defesa do título, eventualmente bem conseguida, do esloveno Tadej Pogacar.
Ao lado de ‘Pogi’, a grande ‘estrela’ da formação e vencedor das últimas duas edições da Volta a França, foi-se destacando e acabou no quinto lugar final, em segundo na juventude, atrás do seu líder, mostrando-se tanto no ‘crono’ como na principal montanha da prova de sete etapas.
No Paris-Nice, que acabou nas mãos de outro esloveno que não sabe fazer outra coisa que não ganhar, Primoz Roglic (Jumbo-Visma), uma exibição em crescendo permitiu novo ‘top 10’, mais concretamente o oitavo lugar.
Além disso, foi o melhor dos jovens em prova e, aos 23 anos, o ‘Duro das Caldas’ assume-se como um dos valores seguros no que à regularidade de resultados diz respeito: em provas por etapas, desde o início de 2020, só por duas vezes falhou o ‘top 10’ final, na Volta à Alemanha de 2021, mais propensa a ‘sprinters’, assim como no Tour Down Under, a primeira prova que correu no pelotão WorldTour.
No final de março, a Volta à Catalunha trouxe um ponto alto, a vitória na quarta etapa, a mais dura das escaladas da corrida, acabando em terceiro na geral final, fruto de um ataque invulgar de dois sul-americanos na penúltima tirada.
Se o colombiano Sergio Higuita (BORA-hansgrohe) venceu a prova, o equatoriano Richard Carapaz (INEOS) ficou em segundo e mostrou pernas para voltar a vencer no Giro, perfilando-se já como um dos principais rivais do português.
Ao seu lado, na nova equipa, terá especificamente quatro homens que podem apoiar o chefe de fila, dois deles portugueses: Rui Oliveira vem da ‘rodagem’ das clássicas da Primavera para o ‘escoltar’ sobretudo em dias mais planos.
Já Rui Costa, campeão do mundo em 2013, regressa ao Giro, que correu em 2017, acabando em 27.º, agora com funções de gregário de luxo, como já fez para Pogacar no Tour de 2021, depois de arrancar 2022 com dois terceiros lugares, na Volta a Omã e na Volta à Arábia Saudita.
O italiano Alessandro Covi, que este ano já se mostrou com vitórias em etapas de média montanha, será outro dos ‘trunfos’ nos dias mais desafiantes, com dois corredores que oscilarão entre a liberdade e o trabalho para o líder.
Davide Formolo sabe o que é acabar o Giro no ‘top 10’ e o que é vencer uma etapa na corrida, esta última uma habilidade que parece dominada como poucos pelo outro italiano na equipa, Diego Ulissi.
São oito vitórias, em cinco edições diferentes, para o ciclista de 32 anos, outro com funções híbridas, numa equipa que deixou algumas dúvidas sobre a aposta da UAE Emirates na corrida, sem outros nomes fortes da montanha, do espanhol Juan Ayuso, de cuja lealdade ao português se falou durante a Volta à Catalunha, ao norte-americano Brandon McNulty ou o neozelandês George Bennett.
“Vamos ao Giro com uma equipa forte. Almeida será o nosso homem para a geral, e penso que temos uma equipa mais que capaz para o apoiar”, declarou o diretor desportivo Fabio Baldato, aquando da apresentação do ‘oito’ para a prova.
Em paralelo com a luta pela geral, a equipa tem ainda um outro foco, os ‘sprints’, com o colombiano Fernando Gaviria, acompanhado do argentino Maximiliano Richeze, um dos melhores ‘lançadores’ do pelotão mundial.
Para ajudar o colombiano, que já venceu cinco etapas na ‘corsa rosa’, poderá ainda ser chamado Rui Oliveira, outro homem rápido capaz de o auxiliar no regresso aos triunfos no Giro, depois de nunca conseguir erguer os braços na edição de 2021.
A Volta a Itália de 2022, a 105.ª edição da prova, começa em Budapeste, em 06 de maio, e termina em Verona, em 29 do mesmo mês, 21 etapas depois.
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