Joaquim Gomes assumiu que a intenção de que a 76.ª Volta a Portugal em bicicleta, hoje apresentada, partisse do Algarve falhou, porque os municípios de Tavira e Loulé não reuniram condições económicas para assegurar o arranque da prova.

“Há questões que nós, efetivamente, não conseguimos resolver. A Volta a Portugal tem um orçamento. Infelizmente para nós, mais de 30% é endossado às autarquias e os contatos que fizemos no Algarve, nomeadamente com os dois municípios mais representativos da modalidade, que por acaso até têm equipas a participar na Volta, Tavira e Loulé, não reuniram condições para que a Volta pudesse ter início no Algarve”, reconheceu o diretor da corrida.

Joaquim Gomes, que tem tentado fazer a Volta regressar ao sul, onde não está presente desde 2008, alimenta esperanças que a inclusão de Alentejo e Algarve ainda possa acontecer neste quadriénio.

“É verdade que tratei de forma obcecada de tudo o que tem a ver com esta Volta a Portugal, nomeadamente a parte fulcral dos percursos, que assenta nos grandes palcos de partida e chegada de etapas. Este percurso dá-me garantias de poder proporcionar às equipas e aos corredores as ferramentas necessárias e suficientes para tornar esta Volta um grande espetáculo desportivo. Agora, no contexto de poder levar a Volta à maior parte dos distritos deste país, isso não foi possível”, defendeu.

De acordo com o diretor da maior prova velocipédica nacional, essa realidade não se prende só com “as grandes dificuldades económicas que os municípios atravessam”, mas sim com a duração da prova, que tem apenas 11 dias.

“O primeiro desses dias é um prólogo citadino que não sai das fronteiras urbanas e nos restantes dias, tentando manter a Senhora da Graça e a Serra da Estrela, um final em Lisboa e um dia de descanso em Viseu, é manifestamente impossível levar a Volta ao Alentejo e ao Algarve. Mas acredito que num futuro muito próximo isso irá acontecer. Mas nessa altura outros municípios que agora fazem parte irão desaparecer”, alertou.

O antigo vencedor da Volta a Portugal apontou as etapas de Braga (2.ª), com passagem no Sameiro e no Bom Jesus, e de Montalegre (3.ª), com a chegada ao Larouco, o segundo ponto mais alto de Portugal continental, como as potenciais grandes surpresas na definição do vencedor final.

“As etapas rainhas arrastam sempre grande expetativa, mas na maior parte dos casos ou porque toda a gente se tenta reservar ou tem receio de atacar, normalmente a montanha acaba por parir um rato. Daí que, às vezes, etapas sobre as quais não recaem grandes expetativas acabam por se tornar como as grandes surpresas e as que incutem maiores alterações na classificação geral final”, considerou.

Para Joaquim Gomes, os grandes favoritos à vitória na 76.ª edição da prova, que parte de Fafe a 30 de julho e chega a Lisboa a 10 de agosto, são os trepadores.

“Mais do que nunca, os trepadores puros poderão levar vantagem. Normalmente, são homens que recuperam muito bem. Na primeira fase da Volta, teremos quatro dias sucessivos com montanha. E além disso, o contrarrelógio é substancialmente mais curto do que apresentámos nos anos anteriores”, salientou.

O diretor da Volta rejeitou ainda a hipótese de encurtar a prova e explicou que a escolha das equipas participantes teve como critérios o nivelar de qualidade relativamente às formações nacionais, todas elas continentais, e a diversidade em termos de países.