José Mendes (Bora-Argon 18) representa uma equipa da segunda divisão do ciclismo mundial, mas, quem olha para o seu calendário, diria que o ciclista de Guimarães é mais um dos portugueses do `WorldTour´.

Poderia dizer-se que, aos 29 anos, José Mendes é já uma peça basilar na Bora-Argon 18, a sucedânea da NetApp-Endura, que continua a ser WorldTour sem o ser – o convite para a Volta a França afigura-se como a prova mais irrefutável do estatuto já alcançado pela equipa alemã.

“Já conseguimos o convite para a Volta a França e esse é o principal objetivo: poder estar nos nove eleitos. Além disso, tenho um calendário bastante bom. Tenho o Tirreno-Adriático, em princípio o Dauphiné, tudo provas de nível mundial, em que quero estar presente e dar o melhor de mim”, disse à agência Lusa.

A representar a formação alemã pela terceira época consecutiva, o vimaranense até encontra algumas vantagens de não estar entre os ‘tubarões’ da modalidade.

“Em termos de calendário, não temos a responsabilidade de fazer todas as provas do WorldTour. Vamos, se calhar, às principais e às que a equipa tem maior interesse. Claro que, em termos de estrutura, somos inferiores a uma equipa ProTour, mas temos todas as condições para, nas provas para as quais somos convidados, dar o nosso melhor”, defendeu.

Mendes não esconde o orgulho por ter conseguido manter-se no pelotão internacional, como também não ocultou, durante grande parte da temporada de 2014, o descontentamento pelo seu rendimento.

“Penso que a preparação de inverno este ano correu melhor. É verdade que, no ano passado, pelo menos na minha opinião, nunca consegui encontrar aquele ponto de forma que gostaria e as provas não correram tão bem como eu pensava que podiam correr. Mas para este ano estou super motivado, a equipa tem a mesma estrutura, mas uma nova imagem, com as mesmas ou mais ambições. Temos tudo para ter uma excelente época”, considerou.

A referência a Tiago Machado, o grande amigo que fez na temporada passada na NetApp-Endura e que o ‘acusou’ de ser um dos principais responsáveis pelos sucessos obtidos, era inevitável:

“O ano passado foi um ano diferente, mas, para mim, foi muito positivo, porque tive a oportunidade de estar ao lado do Tiago, ajudá-lo em algumas situações e penso que ele conseguiu uma das melhores épocas enquanto profissional. E para mim foi gratificante poder fazer esse trabalho e também cresci com essa época”, reconheceu.

Esta semana, pelo menos, os dois vão cruzar-se no pelotão da Volta ao Algarve, uma prova querida ao ciclista de Guimarães, já que lhe permite, por uma vez, correr entre os seus.