Os últimos protagonistas de uma reviravolta na liderança da Volta a Portugal em bicicleta num contrarrelógio, o espanhol Alejandro Marque e Rui Sousa, asseguram que Gustavo Veloso pode superar o companheiro de equipa Rui Vinhas no domingo.

Em 2013, Rui Sousa (Rádio Popular-Boavista) partiu para o 'crono' da penúltima etapa, entre Sabugal e Guarda, com seis segundos de vantagem sobre Veloso e 38 sobre Marque, que viria a vencer o exercício contra o relógio e a 75.ª Volta a Portugal, deixando o compatriota a 36 e o veterano ‘axadrezado’ a 1.28 minutos. “É parecida a situação, embora eu tivesse só alguns segundos de avanço e o Vinhas tem um tempo considerável. Mas, naturalmente, tanto eu, naquela altura, como ele, hoje, não somos muito talhados para o contrarrelógio. Batalhamos, damos o nosso melhor, mas é um nervosismo muito grande porque temos uma grande vontade de vencer a Volta e ela está às portas de ser conquistada por outro”, afirmou Rui Sousa.

O chefe de fila da formação boavisteira tinha sentido “uma felicidade tremenda” ao conquistar a camisola amarela na véspera, na chegada à Torre, na Serra da Estrela, mas também “o medo de a perder logo a seguir, como aconteceu”. “É angustiante pensar nisso, não tenho qualquer dúvida que a tensão para quem está na discussão pela corrida é medonha. Neste caso, não tenho dúvidas que o Vinhas vai estar num dia super agitado, se calhar sem dormir muito bem, porque mexe muito saber que não somos muito especialistas e temos um especialista aos calcanhares. É desgastante psicologicamente”, referiu.

Talvez por isso, Rui Sousa não hesite em apontar Gustavo Veloso, vencedor das últimas duas edições da Volta, que está a 2.25 minutos de Vinhas, como “o principal favorito, atendendo às características do contrarrelógio, com mais de 30 quilómetros sempre a rolar”.

“É um ciclista muito possante, consegue desenrolar andamentos muito pesados, que os todos os outros não conseguem. Só se estiver num dia não é que as coisas podem ir por outro caminho. Sei que o Vinhas tem uma palavra a dizer porque a liderança dá um grande alento fazer o contrarrelógio de camisola amarela, mas tem de andar muito…vai ser um bocado complicado”, reconheceu.

O protagonista da reviravolta, o espanhol Alejandro Marque, atualmente na LA-Antarte, lembrou os 4.05 minutos cedidos por Vinhas para Veloso nos 34,2 quilómetros do contrarrelógio da edição de 2015, entre Praia de Pedrogão e Leiria. “Não vai ser fácil, com esta diferença tudo é possível. Penso que, no ano passado, mais de três minutos no ‘crono’, mas esteve a trabalhar durante toda a Volta. Talvez agora, estando mais libertado desse trabalho e estando de amarelo, com essa motivação extra, consiga segurar a liderança. Estou seguro que vai ser um final emocionante”, frisou.

Apesar de ter vencido a corrida, Marque assegurou que foi um triunfo inesperado, por partir do quarto lugar da geral, mas, acima de tudo, por estar a mais de meio minuto de Veloso, então segundo classificado. “Lembro-me que não imaginava que podia ganhar a Volta, porque tinha 32 segundos de atraso para o Gustavo e ele é bom no ‘crono’. Parti com o objetivo de ganhar a etapa e sabia que era difícil chegar à vitória final, por isso, quem sabe se o Rui Vinhas pode chegar lá. No entanto, para mim, o Gustavo é o principal candidato”, rematou.

A 78.ª Volta a Portugal termina no domingo, com o contrarrelógio de 32 quilómetros da 10.ª e última, entre Vila Franca de Xira e Lisboa, enquanto em 2013 o ‘crono’ antecedeu uma etapa de consagração, em Viseu.