O ciclista neerlandês Mathieu Van Der Poel (Alpecin-Deceuninck) somou hoje o terceiro ‘Monumento’ da carreira ao vencer a solo a clássica Milão-San Remo, à frente do italiano Filippo Ganna (INEOS), segundo, e do belga Wout van Aert (Jumbo-Visma), terceiro.
Foi ao fim de seis horas, 25 minutos e 23 segundos, uma longa jornada para concluir os 294 quilómetros entre Abbiategrasso e San Remo, na corrida com mais quilometragem da temporada, que o neerlandês somou novo capítulo de ouro no primeiro dos cinco 'Monumentos' do ano.
Aos 28 anos, junta a ‘classicissima’, a mais antiga das corridas de um dia, a duas vitórias na Volta a Flandres, após um dia em que se exibiu a grande nível e acabou com 15 segundos sobre os restantes ocupantes do pódio, deixando ainda o grande nome apontado ao triunfo, o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates), no quarto lugar.
Elevou os braços na Via Roma já depois de se impor na subida do Poggio, a ‘mítica’ ascensão que tantas vezes decide esta corrida, cada vez menos de ‘sprinters’ e velocistas, num dia em que o francês Julian Alaphilippe (Soudal-QuickStep) caiu a mais de 140 quilómetros da meta e ficou de fora.
Aí, nesse momento decisivo a 10 quilómetros da chegada, foi o belga Tim Wellens (UAE Emirates) a fazer a seleção num pelotão que ‘teimou’ em seguir junto, sem ataques de nomes de relevo para lá da ‘inofensiva’ fuga do dia, de sete elementos, absorvida a 27 quilómetros.
A preparar um ataque de Pogacar, o belga não conseguiu ‘abanar’ os homens que viriam a compor o pódio final, seguindo o quarteto em conjunto para deixar Van Der Poel mostrar toda a classe e astúcia em cima da bicicleta, ganhando metros de vantagem que depois multiplicou na descida.
Depois de um discreto 15.º na Strade Bianche e uma passagem como lançador de outros pelo Tirreno-Adriático, o ‘classicómano’ corria por fora aqui, face ao favoritismo ‘esmagador’ de Pogacar, a ganhar quase tantos dias como os que decidia tentar nos primeiros meses do ano.
É o ‘hat trick’ em ‘Monumentos’ para o pentacampeão mundial de ciclocrosse, 62 anos depois de o avô, o lendário Raymond Poulidor, ter erguido também os braços em San Remo.
“Sabia que a Milão-San Remo foi o único dos ‘Monumentos’ que ele ganhou, e é bonito igualar, porque não temos muitas oportunidades aqui. Muitos grandes campeões nunca ganharam aqui. Estou orgulhoso”, explicou, em conferência de imprensa.
Quanto à forma como ganhou, além de sentir “boas pernas na Cipressa”, penúltima subida do dia, sentiu que precisava “de agarrar o destino” em vez de vigiar os adversários, depois de “sofrer um bocadinho” no Tirreno-Adriático para encontrar hoje a melhor forma.
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