À quarta foi de vez para o ciclista espanhol Mikel Landa, que ‘roubou’ a vitória da 19.ª etapa da Volta a Itália ao português Rui Costa, numa jornada em que Tom Dumoulin perdeu a camisola rosa para Nairo Quintana.
Tom Dumoulin (Sunweb) comprovou hoje o ditado “pela boca morre o peixe”, pagando as críticas feitas na véspera a Nairo Quintana (Movistar) e Vincenzo Nibali (Bahrein Merida), que responderam na estrada com ataques que fizeram o holandês perder, depois de nove dias, a liderança do Giro, e merecer nota negativa, por contraponto a Mikel Landa.
Depois de ter sido duas vezes segundo e uma terceiro, o espanhol da Sky esteve irrepreensível na ascensão a Piancavallo para recuperar do desgosto sentido, sobretudo, em Bormio, e cruzar a meta erguido na bicicleta, e de mãos a apontar para o céu, à frente de Rui Costa (UAE Team Emirates), segundo pela terceira vez, e do francês Pierre Rolland (Cannondale-Drapac), terceiro a 1.54 minutos.
O português viu, novamente a vitória na sua estreia no Giro escapar-lhe por pouco (mais especificamente por 1.49 minutos), com as suas pretensões a esbarrarem nas aptidões de escalador do basco, que, aos 27 anos, ganhou a sua terceira etapa no Giro, depois das duas conquistadas em 2015, quando foi terceiro na geral final, com o tempo de 4:53.00 horas.
“Estou muito feliz. Talvez não seja aquilo que esperávamos no início, mas estou orgulhoso”, assumiu Landa, que viu a sua candidatura à camisola rosa comprometida devido a uma queda provocada por uma moto da polícia mal estacionada.
Landa foi mesmo o ciclista mais impressionante dos 191 quilómetros entre San Candido e Piancavallo, já que, apesar de ter ‘roubado’ a camisola rosa a Tom Dumoulin, Nairo Quintana não conseguiu deixar a sua marca, valendo-se, isso sim, de uma estratégica concertada entre a sua Movistar e as equipas dos principais candidatos ao pódio.
No último dia talhado para as fugas, os ataques sucederam-se nos quilómetros iniciais, com Rui Costa a ser um dos primeiros aventureiros e sobreviver às várias configurações de grupos para incluir a numerosa escapada, de 18 ciclistas, entre os quais estavam os inesgotáveis Landa e Rolland, finalmente reunida a 50 quilómetros de chegada.
Enquanto lá à frente, a discussão da 19.ª tirada estava entregue aos fugitivos, que tinham mais de nove minutos de vantagem, lá atrás Dumoulin sofria todo o tipo de provações: um dia depois de ter disparado contra os seus principais rivais, criticando-os por se contentarem com o pódio, o ‘maglia rosa’, que até pediu desculpa a Quintana e Nibali à partida, provou do seu próprio veneno, vendo a Movistar, a Bahrein Merida e a FDJ atacarem-no na descida de Sappada, a 134 quilómetros da chegada.
“Hoje, sentia as pernas fracas. E cometi um erro de ‘rookie’. Na descida, descaí para o fim do pelotão e a Movistar aproveitou a minha distração para atacar”, revelou após a etapa.
Descolado, sem ajuda da sua equipa, o holandês teve de desgastar-se para recolar, um esforço que pagou caro na subida final a Piancavallo, ficando a ‘pé’ logo nos quilómetros iniciais da ascensão de primeira categoria, numa altura em que a inclinação média rondava os 10 por cento.
À medida que o cume ia ficando mais próximo, mais tempo ia perdendo Dumoulin, que, completamente sozinho, acabou por ceder mais de um minuto para Quintana e Nibali na meta, e cair para a segunda posição da geral, a 38 segundos do colombiano.
Com a camisola rosa a saque, só Thibaut Pinot (FDJ) lançou um ataque verdadeiramente expressivo, ganhando uns preciosos segundos que lhe permitiram aproximar-se do campeão em título. O francês está agora a 53 segundos do novo líder, com Nibali a segurar o terceiro lugar, por apenas 10 segundos.
Antes da última etapa de montanha, que se vai cumprir no sábado, entre Pordenone e Asiago, no total de 190 quilómetros, os seis primeiros da geral estão separados por apenas 1.30 minutos, com o russo Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin) em quinto, a 1.21, e o italiano Domenico Pozzovivo (AG2R) em sexto.
Segundo, pela terceira vez, Rui Costa subiu a 24.º da geral, a 56.13 minutos de Quintana. José Mendes (Bora-hansgrohe) e José Gonçalves (Katusha-Alpecin) são, respetivamente, 60.º (a 2:18.38 horas) e 63.º (a 2:20.52) na geral, depois de hoje terem chegado num grupo a 28.11 minutos do vencedor.
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