Os Mundiais de ciclismo de pista voltam à Dinamarca, de quarta-feira a domingo, numa edição marcada pelo pós-Paris2024 e por vários nomes que vão deixar a modalidade, além de novos ciclos que começam.

A 121.ª edição destes Campeonatos do Mundo surge após os Jogos Olímpicos Paris2024 e apresenta uma oportunidade propícia a ciclistas que queiram

A Dinamarca recebeu 11 vezes este campeonato, com esta 12.ª como primeira desde 2010, e as tábuas da Ballerup Super Arena, casa da seleção dinamarquesa como Sangalhos recebe a portuguesa, serão palco para os melhores ciclistas do mundo pela terceira vez, depois de 2002 e 2010.

Um dos abandonos mais marcantes é de um dos heróis da equipa da casa, Michael Morkov, que aos 39 anos vai pendurar a bicicleta após mais de uma década ao mais alto nível, na pista, em que começou uma carreira medalhada com um bronze nos Mundiais de 2007, e na pista, sobretudo como lançador de sprint, formando um duo temível com o britânico Mark Cavendish.

Campeão olímpico no madison em Tóquio2020, viu Rui Oliveira e Iúri Leitão (um dos grandes ausentes desta edição) conquistarem o ouro em Paris2024, mas não ficou longe – ficou com o bronze, tendo ainda uma prata na perseguição por equipas em Pequim2008.

Em Mundiais, são quatro títulos e dois bronzes, com mais três medalhas em Europeus, podendo despedir-se em casa, ou quase, uma vez que Ballerup dista poucas dezenas de metros da Kokkedal natal.

Outra despedida anunciada, entre outras que se ficarão a saber durante o evento, é a do britânico Daniel Bigham, um engenheiro que aplicou a sua pesquisa à pista para inúmeras façanhas, a começar pelo recorde da Hora, que chegou a deter antes de ajudar o italiano Filippo Ganna a batê-lo.

O técnico da INEOS vai deixar a equipa, e o ciclismo competitivo, para um novo papel na Red Bull-BORA-hansgrohe, mas antes compete nos Mundiais uma última vez, para um último – previsível – duelo com Ganna, na perseguição individual.

Em 2023, bateram-se pelo ouro, levando a melhor o transalpino, e o campeão do mundo de perseguição por equipas de 2022 chega ao evento tendo somado uma prata olímpica, nesse evento, e a querer sair por cima aos 33 anos.

Por outro lado, os novos ciclos que podem desenhar-se a partir da Ballerup Super Arena são inúmeros e passam desde a afirmação de novos talentos, e Portugal conta com a estreia na elite de Diogo Narciso, a regressos e apostas renovadas.

O caso mais paradigmático é o de Katie Archibald, que falhou Paris2024, devido a um acidente em casa que a deixou com duas fraturas e rotura de ligamentos numa das pernas, sem poder melhorar o seu registo, de dois ouros e uma prata em Jogos Olímpicos.

A ‘pistard’ de excelência, que aos 30 anos soma 13 medalhas em Mundiais (cinco de ouro), e ‘incríveis’ 20 de ouro em Europeus, perdeu o namorado em 2022 e procura, na Dinamarca, iniciar uma nova fase após dois anos muito negativos.

O português Ivo Oliveira, por seu lado, continua em busca de mais medalhas em Mundiais (soma duas, na perseguição individual) e um sonho eternamente adiado de chegar aos Jogos Olímpicos, agora em novo ciclo, depois de o irmão, Rui Oliveira, ter sido campeão olímpico de madison ao lado de Iúri Leitão.

Em busca de outras oportunidades de sucesso, num caminho que, em breve, se começará a trilhar para os Jogos Olímpicos Los Angeles2028, está também a neerlandesa Lorena Wiebes, campeã da Europa de estrada, vertente em que soma 92 vitórias profissionais, e que aqui se vai estrear em Mundiais de pista.

Wiebes, de 25 anos, competirá no scratch e poderá iniciar uma trajetória similar à da belga Lotte Kopecky, ‘ás’ na estrada e na pista, e a de muitos outros que procuram conjugar disciplinas para mais sucesso.

De resto, estes Mundiais também cimentam a tentativa de a Dinamarca, terra natal de Jonas Vingegaard, se manter no foco dos grandes eventos de ciclismo, depois de ter recebido a partida do Tour de 2022, e antes dos Mundiais de BMX, em 2025, e de estrada, em 2029.

Copenhaga é das capitais europeias mais engajadas com a mobilidade ciclável, onde a bicicleta é um modo de vida para grande parte dos seus cidadãos, habituados às viagens citadinas feitas sobre duas rodas.

Portugal compete nos Mundiais de pista, de quarta-feira a domingo, com cinco ciclistas, o campeão olímpico Rui Oliveira, Ivo Oliveira, Diogo Narciso, Maria Martins e Daniela Campos.